Em vídeo, Wadih Damous diz que Mendes é aliado do PT

  • Por Felipe Moura Brasil/Jovem Pan
  • 23/04/2018 07h53 - Atualizado em 23/04/2018 11h12
Edilson Rodrigues/Agência Senado Edilson Rodrigues/Agência Senado A confissão da aliança é apenas uma gota de sinceridade num mar de cinismo de ambas as partes

Eu obtive e publiquei em primeira mão na internet no domingo (22) um vídeo em que o deputado petista Wadih Damous diz que Gilmar Mendes é hoje um aliado do PT.

Sentado ao lado de companheiros de militância, Wadih Damous critica o próprio partido, ataca a Lei da Ficha Limpa, que veda a candidatura de criminosos condenados em segunda instância, como o corrupto e lavador de dinheiro Lula, e conta ter levado ao ministro do STF as denúncias de Rodrigo Tacla Durán, o advogado-doleiro que lavou dezenas de milhões em propinas para as empreiteiras do petrolão.

Confira: “O PT embarcou nessa onda moralista desde lá de trás. O que que é a Lei da Ficha Limpa? A Lei da Ficha Limpa significa dizer o seguinte: o povo não sabe escolher, quem escolhe é o Poder Judiciário. Claro. Que o povo é burro, o povo só escolhe corrupto, o povo só escolhe bandido. E aí o pessoal fica zangado. Eu (es)tive ontem com o Gilmar. Nós fomos lá levar as denúncias do Tacla Durán pra ele. Quem vai botar a boca no trombone para apurar as denúncias? É o Gilmar Mendes. Então, assim, nós temos que aprender a perceber o jogo do xadrez e a fazer política. O Gilmar hoje é nosso aliado, amanhã volta a ser o nosso inimigo, mas hoje ele é nosso aliado. E nós somos aliados dele.”

A julgar pela lógica de Wadih Damous, bastaria um criminoso ter votos que poderia ser eleito, não cabendo à Justiça impedir que presidiários como Lula, ou Nem da Rocinha, ou Marcola, ou Fernandinho Beira-Mar cheguem à Presidência.

Para quem havia pregado no dia 13 o fechamento do STF, é um discurso até coerente. Mas como o autoritarismo do PT ainda não conseguiu fazer do Brasil uma Venezuela, o deputado petista tem de se contentar com a atuação do companheiro Gilmar.

Relembro que Wadih Damous, não tendo sido eleito, era o primeiro suplente do PT na Câmara dos Deputados. Só ganhou a vaga de Fabiano Horta porque, a pedido de Lula, na época da CPI da Petrobras, o então prefeito do Rio Eduardo Paes deu ao deputado titular uma vaga na secretaria municipal de Desenvolvimento Econômico Solidário.

Wadih Damous foi quem apresentou um projeto que proíbe a delação de réus presos, como Antônio Palocci, e a divulgação de depoimentos colhidos no âmbito de uma colaboração premiada.

Damous foi posto por Lula na Câmara para atacar a Lava Jato, enquanto Gilmar, indicado por FHC, veio de brinde depois que a operação atingiu seus camaradas e ele se tornou, por exemplo, contrário à prisão após condenação em segunda instância.

A confissão da aliança é apenas uma gota de sinceridade num mar de cinismo de ambas as partes.

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