Delações premiadas são cercadas de muito cuidado; entenda

  • Por Jovem Pan
  • 27/01/2015 16h52

Pergunta: Será que, realmente, os petroleiros safados que roubaram 20 bilhões de reais da Petrobras, escreveram em um e-mail ameaças a empreiteiros que se negassem a entrar no sistema de corrupção?

Resposta: O jornal O Globo, do Rio, começou a semana com uma declaração bombástica. O famoso competente criminalista paulista, Alberto Zacharias Toron, contou ao repórter Chico Otávio, que dirigentes de uma empreiteira que ele não quis dizer qual, guardam um email para provar que foram vítimas de coação, feitas por um funcionário, entre aspas, graduado, da Petrobrás. Se não pagar vão sangrar até o fim.

Teria escrito o funcionário, exigindo da empresa o pagamento da propina. O Toron ouviu a mensagem, mas disse que a empreiteira o procurou por precaução, ainda não foram chamados os seus diretores pelos investigadores da Operação Lava Jato.

Na mesma página do Globo, é dada a notícia que a juíza Simone Cavalieri, do nono juizado especial criminal da Barra da Tijuca, rejeitou queixa crime oferecida pelo ex diretor de serviço da Petrobrás, Renato Duque, contra Paulo Roberto Costa, delator da operação Lava Jato e ex diretor de abastecimento da estatal.

Em relação ao empreiteiro, me parece óbvio que havia uma charque realmente da Petrobrás. O empreiteiro, se tiver esse documento, é um documento que vai tornar mais venosa, digamos assim, a vida jurídica do alto funcionário da Petrobrás que assinou tal email, no mínimo imprudente.

Em relação à decisão da justiça, que considerou completamente fora de nexo a ação motivada por um depoimento do delator em que ele diz que as grandes empresas contratadas pela Petrobrás para tocar projetos de produção, gás e energia, costumavam fazer um acordo prévio para acrescentar em seus orçamentos taxas para agentes políticos e, de acordo com Costa, isso era conversado dentro da companhia e Duque era um dos que entregavam pessoalmente o valor recebido à João Vaccari Neto, tesoureiro do PT.

Isso mostra que a delação premiada de Paulo Roberto Costa, como talvez também a de Alberto Youssef, está sendo cercada de muito cuidado, e não vai ser fácil detoná-la, como querem muitas empreiteiras não… É melhor contar com uma defesa mais sólida para enfrentar este abacaxi.

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