Descrição de caso publicado pela Veja é praticamente a história de como funciona a República de favores em Brasília

  • Por Jovem Pan
  • 01/09/2014 21h47

Nêumanne, o que há de grave na revelação pela Veja de troca de favores entre o Poder Executivo e o Tribunal do Contas da União?

A Revista Veja que está nas bancas nesta semana traz uma história de arrepiar. É uma história de fazer inveja aos esgotos de Paris por onde andava Jean Valjean, o protagonista de Victor Hugo nos Miseráveis. Ele mostra uma troca de e-mails em que o personagem principal é um ministro do TCU, que já foi, inclusive, presidente, o Walton Alencar, e nessa troca há, claramente, um pedido de influência para Dilma Rousseff, que era presidente da Casa Civil, para Erenice, que foi acusada de outros casos de corrupção na época em que ela era a principal assessora de Dilma, e ministros do Supremo, etc.

Walton Alencar dá uma entrevista pra Veja e não justifica nada, até porque uma das personagens é sua mulher, Isabel Galotti, que foi indicada para STJ por Lula quando Dilma já era candidata, e depois que o marido conseguiu o apoio de representantes de todos os poderes da República.

O Walton Alencar, presidente do TCU, acaba de produzir uma decisão meio espantosa, porque bloqueou os bens de todos os diretores da Petrobras envolvidos na decisão da compra da refinaria da Astra Oil em Pasadena, no Texas, menos um diretor: a presidente Graça Foster, pessoa da mais alta confiança da presidente Dilma.

Pois é, fazendo relação entre uma coisa e outra, o relatório de José Jorge pedia o bloqueio de bens, mas o bloqueio foi impedido na decisão do tribunal.

Eu gostaria de lembrar que esse não é um caso singular. Ao contrário, a descrição desse caso é praticamente a história de como funciona a República de favores em Brasília. Dá um livro, um livro como o de Roberto Jefferson, Nervos de Aço, contando os meandros da corrupção da burocracia brasileira e no caso do Mensalão.

Eu acho que tem que cortar isso pela raiz e acabar com o Tribunal de Contas. O Tribunal de Contas é um lugar ocupado por políticos indicados por partidos e por bancadas, então, é a verdadeira consagração da raposa tomando conta do galinheiro. Mas este escândalo deveria servir para se começar a debater no Brasil o fim desse tipo de criação de dificuldade para quem quer facilidade.

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