O Governo está mais preocupado com traficantes brasileiros na Indonésia do que com os nossos filhos

  • Por Jovem Pan
  • 26/01/2015 14h43

Pergunta: Até quando vai permanecer no Brasil essa mentalidade em que o governo cria conflito diplomático pelo fuzilamento de um traficante de drogas pilhado no exterior e sua completa indiferença às milhares de vítimas do crime comum nas ruas do Brasil?

Resposta: Hoje eu peço licença para fazer um comentário especial, diferente. Eu gostaria de ler para você o trecho do depoimento de Mauzi Schumacher, a mãe do Alex Schumacher que foi fuzilado por dois bandidos que roubaram dele doze reais, a dona Mauzi, no artigo da coluna de Ruth de Aquino, na última página da revista Época, chamado “A impotência dos pais órfãos”.

Pois é, 56 mil brasileiros morrem, todo ano, a sangue frio, e o governo se preocupa com traficante pilhado na Indonésia. Dona Mauzi é citada e eu gostaria de reproduzir o que ela disse e que Ruth de Aquino registrou: “hoje tomei uma cerveja com os outros filhos, fizemos um almoço em casa e lembramos dele. Chorei muito. É como se traísse Alex ao sorrir, ao beber uma cerveja, mas é o que ele quer de nós. Alex é nosso filho, nossa dor, nossa tristeza eterna, o buraco da alma. Nós somos Alex. Não perdoamos nem o assassino, nem o Estado, nem o país. Não tenho um pingo de perdão, um pingo de fé. Não sou Deus, Maomé ou Buda, não quero ouvir consolo de pessoas religiosas. Sou de esquerda, sempre serei de esquerda, mas tem algo muito errado nesse país que se esqueceu da educação. Eu tinha 19 anos na ditadura e me sentia mais livre para andar na rua do que qualquer garoto de 16 ou 17 anos, hoje. Um dia, aquele ponto de ônibus será iluminado, haverá ali uma cabine com um policial dentro. Não tenho sentimento de vingança, não quero matar ninguém, mas espero que cada um no Estado cumpra seu papel. A gente precisa trocar as armas por livros, o hino nacional não pode ser cantado só no Maracanã.”.

Eu não apenas comungo a dor desta mãe que cito, eu também convoco você a sentir a mesma dor dela por que você pode ser a próxima vítima da bala de um bandido de um governo que está mais preocupado com os traficantes brasileiros na Indonésia do que com os nossos filhos. Adira a nossa posição intransigente, com esse país, com esse Estado, com esse governo, leniente para nós e muito generoso com os traficantes do Brasil lá fora.

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