A reforma política que vai piorar não nos interessa

  • Por Jovem Pan
  • 27/05/2015 20h25
Divulgação congresso nacional perto

Pergunta: Agora que estão sendo votadas, enfim, no Congresso, as medidas que promoverão reforma política no Brasil, você tem alguma expectativa especial em relação a alguma modificação com a qual você concorde?

Resposta: Eu passei minha vida inteira lutando pelo voto distrital simples, como acontece nos EUA, pela aproximação do representante e do representado. O professor Leôncio Martins Rodrigues, da USP e da UNICAMP sempre tentou me convencer de que o melhor que se poderia fazer num estado democrático de direito como o brasileiro, seria lutar para que a regra permanecesse, até para que acostumássemos a cumpri-la.

Por que no Brasil se muda muito e não se cumpre a lei. Eu fui convencido pela realidade dos fatos. Neste momento, a Câmara dos Deputados está votando, em primeira votação, as medidas de uma reforma política proposta pelo PMDB, do vice presidente Michel Temer, do presidente da câmara, Eduardo Cunha e do Senado, Renan Calheiros.

Essa reforma política prevê várias modificações, e eu quero dizer que nenhuma delas me fascina ou interessa. Por um motivo muito simples: eu acompanho, há muito tempo, o movimento na Câmara e no Senado; acompanho, há muito tempo, a política no Brasil e confesso que não me lembro de nenhuma decisão tomada pelo Congresso, pela Câmara ou pelo Senado, contemplando interesse específico do eleitor, que é o que me interessa em qualquer reforma. Se é pra mudar, é mudar pra melhor.

E isso significa diminuir o poder “discricionário” da elite dirigente política e aumentar o de intervenção e pressão do cidadão. Qualquer medida dessas, propostas, pelo PT, voto em lista; pelo PSDB, voto distrital misto; seja pelo PMDB, distritão; qualquer uma só beneficia os políticos que as criam e que debatem e decidem sobre elas.

Em nenhuma delas está previsto beneficiar qualquer direito elementar, meu, seu, do eleitor, do cidadão.

Portanto, minha torcida nessa votação, primeira votação, segunda votação na Câmara e, em seguida, no Senado, é que nada passe. A minha posição, neste momento, no meio desta votação, é: reforma política não. A reforma que vai piorar não nos interessa; não interessa a democracia brasileira.

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