Olavo Bilac e Albert Einstein eram homens que amavam e ouviam as estrelas

  • Por Jovem Pan
  • 12/02/2016 14h02
EFE/R. Hurt / Caltech Imagem gráfica de grupo de cientistas da Califórnia mostra como seriam as ondas gravitacionais

Jornais destacam que pela primeira vez foram detectadas as ondas gravitacionais previstas por Albert Einstein. Joseval Peixoto comenta o artido de Salvador Nogueira na Folha de São Paulo. Ele é o mesmo jornalista de ciência falou ao programa Radioatividade e explicou detalhes da descoberta:

É como se o espaço não fosse mais um vazio, e sim a superfície de um lago, que pode se esticar e encolher. Mesmo efeito como quando uma pedra é arremessada e causa pequenas ondas na água.

A “pedra” em questão foi a colisão de dois buracos negros a 1 bilhão de anos-luz de distância da Terra. O evento foi tão violento que, por um bilionésimo de segundo, produziu energia mais forte que todas as estrelas do universo somadas. Nós estamos “na beira do lago”.

Tudo se resumiu a uma série de tremulações no espaço detectadas um sistema de lasers. Foram construídas nos EUA duas instalações idênticas, em dois estados diferentes, Wahington e Louisiana. São circuitos em “L” de 4 km de distância.

Os lasers são constantemente refletidos em espelhos perfeitos. Qualquer minúscula variação do comprimento físico de um dos braços em L provocada por uma onda gravitacional geraria um desalinhamento entre os lasers dos dois braços e indicaria a passagem dessa onda.

O padrão das ondas se encaixou com incrível precisão ao fato previsto pela teoria de Einstein.

Agora poderemos ouvir o espaço, explica Nogueira. Há luzes que a gente não vê. É possível fazer novas detecções para estudar o universo sob uma nova perspectiva, uma vez que cientistas converteram o sinal das ondas gravitacionais em vibrações sonoras

Joseval Peixoto lembrou, então, de poema de Olavo Bilac que já falava sobre as belezas de “Ouvir Estrelas”. Leia:

“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir o sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizes, quando não estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas”

Albert Einstein, há mais de 100 anos, era um homem que amava as estrelas.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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