A quem interessar possa: as relações entre Brasil e Bolívia vão bem, obrigada

  • Por Jovem Pan
  • 22/01/2015 12h38

Apesar de alguns incidentes diplomáticos, como o roubo (ou a expropriação, como preferirem) de uma refinaria da Petrobras em 2006 pelo governo boliviano, a fuga do senador da oposição para o Brasil, em 2013, ajudado por um diplomata brasileiro… isso são páginas viradas.

Tanto que, mesmo depois de ter se apoderado de uma refinaria que era propriedade do povo brasileiro, o então presidente Lula deixou para lá, e, para completar, o governo Dilma liberou uma ajudinha de 60 milhões de reais para socorrer a Bolívia quando o país passava por uma crise energética.

Será que eles vão nos devolver essa gentileza agora que é o Brasil quem está às escuras?

Ah, deixa para lá. Isso são águas passadas. O importante é a posse de Evo Morales.

Ao saber da vitória, o presidente da “bolivariana” Bolívia logo dedicou sua vitória ao finado Hugo Chaves e ao quase finado Fidel Castro, bem como a todos os presidentes e governos antiimperialistas e anti-capitalistas.

Êh, discursozinho populista…

Falando em populismo e bolivarianismo, vamos voltar um pouco ao Brasil. Nossa presidente, Dilma Rousseff deveria estar em Davos, na Suíça, no Fórum Econômico Mundial, onde se reúne a “nata” do Primeiro Mundo, seus governantes, banqueiros e grandes executivos. O encontro discute a crise econômica, um assunto que deveria interessar profundamente à nossa presidente, responsável pela atual bancarrota do Brasil.

Mas, estranhamente, Dilma Rousseff preferiu prestigiar a posse do companheiro socialista Evo Morales.

O primeiro indígena a governar o país está em seu terceiro mandato e não dá sinais de querer largar o osso. É que o poder não só corrompe, como sustentava Lord Ecton, ele também seduz… E como seduz! O partido de Evo se agigantou na Bolívia. O MAS – Movimento para o Socialismo tem, hoje, maioria na Câmara dos Deputados e no Senado, o que permite ao presidente governar com o pé nas costas.

Em seu discurso de posse, ontem, Evo Morales falou de temas populares e populistas como ecologia, a extinção dos povos indígenas, a redução da pobreza – já que muitos miseráveis da Bolívia acabaram preferindo migrar ilegalmente para o Brasil, e trabalhar como escravos, fugindo da “vida boa” no seu país.

O presidente Morales também exaltou a cultura da coca, e, porque não dizer, assim, por tabela, da produção da coca. Evo não disse, mas o mundo inteiro sabe: o país dele é o terceiro produtor mundial da droga e o maior fornecedor de cocaína para o Brasil, que por sua vez é o segundo maior consumidor de coca.

E como não poderia deixar passar em branco, em seu discurso populista, Evo Morales condenou o imperialismo norte-americano.

Aproveitou os holofotes para criticar duramente o capitalismo, segundo ele, uma espécie de “cultura da morte”.

Só faltou um detalhe no discurso do socialista: coerência.

Apesar de ter esconjurado o consumismo, o presidente da República da Cocaína apareceu vestido com um traje extravagante: em todos os sentidos.

Feita especialmente para uma cerimônia de xamanismo a fim de espantar os maus espíritos do presidente, a tal roupa, confeccionada com fibra de vicunha e tecida à mão por uma artesã boliviana, custou a “bagatela” de cerca de 26 mil dólares!

A gastança, dizem, saiu do bolso do próprio Morales. Como se vê, o anti-capitalismo dos líderes de esquerda latino-americanos fica só no discurso.

Depois de experimentar o gostinho do poder, inclusive do poder de compra, o índio socialista quer tudo do bom e do melhor. Evo tornou-se o que, no Brasil, chamamos de “esquerda caviar”, o sujeito que prega o socialismo para o povão, mas que se beneficia, ele próprio, das mordomias e maravilhas que só capitalismo pode proporcionar.

É que socialismo nos olhos dos outros é refresco!

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