Sangue de ciclista mancha a reputação da Justiça

  • Por Rachel Sheherazade/ JP
  • 21/05/2015 10h34

Cachorro passeia na Lagoa Rodrigo de Freitas nesta quinta (21); policiamento local foi reforçado após quatro ciclistas terem sido atacados com facas

Carlos Monteiro/Futura Press/Folhapress Cachorro passeia na Lagoa Rodrigo de Freitas nesta quinta (21); policiamento local foi reforçado após quatro ciclistas terem sido atacados

Depois da morte do ciclista Jaime Gold, de 57 anos, esfaqueado por menores de idade enquanto pedalava na Lagoa Rodrigo de Freitas, um dos cartões postais do Rio de Janeiro, o governador Luiz Fernando Pezão veio a público lamentar o episódio.

Mas, Pezão foi além e criticou a legislação e os juízes pelo aumento da criminalidade.

Para o governador, só o policiamento não basta para conter os bandidos. Pezão defendeu o trabalho da polícia e disse que ela tem feito sua parte. Em abril, houve 60% a mais de apreensão de menores, segundo o Governo. Mas, pouco efeito surtiram essas apreensões.

Segundo o governador, “o policial entra com o bandido por uma porta da delegacia, mas sai pela outra. (…) Infelizmente, desembargador dá liminar e solta todo mundo”.

A crítica de Pezão mirou a ação de desembargadores, como Siro Darlan, que, segundo o próprio Ministério Público, estariam libertando menores infratores em massa e de forma indiscriminada, para esvaziar unidades superlotadas.

O governador do Rio denunciou: “Dos 32 menores que estavam no Aterro do Flamengo recentemente, prendemos 31. Outro dia eles já estavam soltos”, disse Pezão.

Quem saiu em defesa dos desembargadores do Rio foi o presidente do Tribunal de Justiça, Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho.

“Não há relação entre a morte trágica do ciclista, mais uma tragédia urbana, e a ação da Justiça. O que faltou foi um policiamento ostensivo eficiente, que fosse preventivo e impedisse a barbárie,” alegou o desembargador carioca, rebatendo a culpa da criminalidade de volta para a polícia.

Mas, não adianta lavar as mãos. O sangue dos inocentes, como o do ciclista da Lagoa, também mancha a reputação da Justiça, que insiste em devolver às ruas potenciais criminosos, colocando em risco a ordem social e a vida dos cidadãos de bem. Uns pecam por ação, outros por omissão. E a Justiça brasileira tem pecado em dobro.

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