Câmara: Os dois finalistas devem sair do trio Rosso-Maia-Castro

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 13/07/2016 10h31
Montagem/AGBR e Divulgação Rogério Rosso

O mundo não é plano. Na política, muito menos. A disputa pela Presidência da Câmara tendia, por motivos óbvios, a passar longe de PT, PCdoB e PDT… Até que Rodrigo Maia (DEM-RJ) resolvesse lançar a sua candidatura, acenando para os companheiros. Como se disse aqui, não fazia o menor sentido. Aliás, nem os petistas viram a coisa com bons olhos, apesar do estímulo de Lula. Melhor não! Na linguagem deles, “nada de apoio a golpistas!”

Mas ficou a questão para os esquerdistas: “Nós podemos participar da brincadeira. Que tal arranjar um ‘não golpista’ que possa servir de cavalo de Troia?” O deputado Marcelo Castro, do PMDB (PI), pareceu um bom nome.
Afinal, quando ministro da Saúde de Dilma, ele se licenciou duas vezes do cargo para fazer as vontades da “presidenta”: 1) para votar em Leonardo Picciani como líder do PMDB, o que era da vontade, então, do Planalto; 2) para votar contra o impeachment.

Vale dizer: não havia epidemia ou peste que o impedisse de ser aquilo que essencialmente é, se é que me entendem.

E ele não mudou. O homem decidiu se lançar candidato e acabou conquistando votos dentro do próprio PMDB: apenas 28 dos 68 deputados do partido o escolheram o nome da legenda, mas o suficiente para abrir uma vereda para a oposição. Embora do PMDB e embora se diga um aliado de Temer, ele é hoje um dos instrumentos que os petistas pretendem manipular contra o governo.

Alerta

Bem, pelo menos isso acendeu um sinal de alerta entre os antigos oposicionistas, hoje governistas, mas não membros do Centrão. Rodrigo Maia pôde abrir mão do apoio do PT, mas será o candidato oficial da sua própria legenda, do PSDB, do PPS e do PSB. Júlio Delgado (PSB-MG) decidiu abrir mão de sua candidatura.

Bem, aí as coisas fazem, então, sentido. Que Castro, que já havia se comportado como esbirro do petismo antes, continue a desempenhar o seu papel. E que as forças que ajudaram a depor Dilma e estavam desde sempre na oposição — à diferença de boa parte do Centrão — tenham então um postulante. A minha restrição, como havia ficado claro, não era ao nome de Maia em si, mas à sua eventual composição com o PT. Isso, sim, era inaceitável.

Um eventual segundo turno entre Rogério Rosso (PSD-DF), ainda visto como o nome mais forte do Centrão, e Maia é, obviamente, um bom cenário para o governo Temer. Na noite desta terça, o presidente compareceu, por alguns minutos, a um jantar que reuniu as cúpulas do PSDB e do DEM. O pretexto: comemorar o aniversário do ministro Mendonça Filho, da Educação. Foi o suficiente para uma rápida conversa com Aécio Neves e Agripino Maia.

Rosso

A candidatura Rosso vem sendo submetida a um forte teste de estresse nas últimas horas. Apontado como favorito até ontem, outros nomes do Centrão resolveram enfrentá-lo. No último momento, Esperidião Amin (PP-SC), sob o patrocínio de Waldir Maranhão (PP-MA), houve por bem se lançar na disputa.

Tudo indica que os dois finalistas sairão mesmo do trio Rosso-Maia-Castro. E eles todos têm lá as suas preferências. Rosso gostaria de enfrentar Maia no segundo turno porque os esquerdistas resistiriam em votar num candidato do DEM e sempre será um apelo forte no PMDB um finalista do partido. Maia gostaria de se bater contra Castro porque, nesse caso, o apoio das esquerdas tende a unir o Centrão contra o peemedebista, e Castro, se finalista, não tem por que ter preferência.

Ele está aí, a despeito de si mesmo, para recomendar que os outros tenham juízo. O inimigo ainda está vivo.

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