Cardozo pressiona TCU, segundo jornal; veja por quê

  • Por Jovem Pan
  • 29/07/2014 11h30

Reinaldo, quer dizer que José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, foi flagrado fora do lugar?

Foi sim. E José Eduardo Cardozo, esse não me surpreende nunca. Eu até acho surpreendente que alguém jamais consiga surpreender. Mas é o caso dele. Reportagem na Folha desta terça informa que esse valente fez pressão no TCU – Tribunal de Contas da União – para adiar a votação do relatório que condenou a operação que resultou na compra da refinaria de Pasadena. Segundo o jornal, Cardozo acompanhou o advogado-geral da União, Luiz Inácio Adams, que tinha audiência previamente agendada com o presidente do órgão, ministro Augusto Nardes. A visita do ministro da Justiça não estava prevista.

Muito bem. Adams estava lá como parte das suas atribuições. Ele afirma, e tem razão, que o advogado-geral pode, por lei, acompanhar processos que digam respeito a estatais, inclusive no TCU. A assessoria de Cardozo tentou enrolar o jornal, afirmando que cabe ao ministro “acompanhar regularmente todos os casos que dizem respeito a atividades ordinárias da pasta – o que justifica a atuação junto aos órgãos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário por meio do titular da Pasta, secretários e diretores”.

Tá. Agora só resta a Cardozo explicar por que acompanhar e pedir o adiamento de um julgamento no TCU seriam uma “atividade ordinária do ministério”. É evidente que ele sabe que não é. Era o ministro errado no lugar errado.

Aliás, a compra da refinaria de Pasadena está sendo investigada também pela Polícia Federal, que é subordinada ao Ministério da Justiça, cujo titular é Cardozo. O temor óbvio: se o ministro se dispõe a deixar a sua cadeira para fazer o que não lhe compete – pressionar o TCU -, é de se indagar do que é capaz com um órgão pendurado na sua pasta, não é mesmo?

A coisa é feia, muito feia. Já informei aqui, com exclusividade, e relembro: Luiz Inácio Lula da Silva chamou José Múcio, hoje titular do TCU e seu ex-ministro das Relações Institucionais, para uma conversa em São Paulo. Queria interferir no julgamento. Uma cadeira no STF chegou a ser prometida para um membro do tribunal, acreditem. Houve gente que até se viu tentada a cair na conversa. O preço: embolar o meio de campo e impedir a votação do relatório do ministro José Jorge, que condenou 11 diretores da Petrobras pela compra da refinaria de Pasadena, apontando prejuízo de US$ 792 milhões.

Cardozo é o ministro com, vamos dizer, mais pose no governo. Ultimamente ele vem aparecendo de maneira não muito prudente.

 

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