Conselho pode definir futuro de Cunha, e Cunha, o futuro de Dilma

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 01/12/2015 14h11
Brasília - O Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, fala com a imprensa sobre a representação contra ele no Conselho de Ética, pouco antes de entrar no plenário (Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil) Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Eduardo Cunha

O Conselho de Ética na Câmara pode votar nesta terça se admite ou não o processo contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado de quebra do decoro parlamentar. Embora negue que tenha atrelado o destino da denúncia contra a presidente Dilma Rousseff ao resultado do conselho, 10 entre 10 ouvidos em Brasília acreditam nisso.

Cunha espera que os petistas e os deputados fiéis ao Planalto de qualquer sigla votem com ele — isto é, contra a admissibilidade. Ou… Já informei aqui que assessores seus andam a espalhar que ele pode, sim, aceitar a denúncia contra a presidente, que é o primeiro passo de um eventual processo de impeachment.

Se isso acontecer e se os deputados fiéis a Dilma contribuírem para que o caso vá a plenário, é dado como certo que Cunha vai convidar a presidente para rodopiar com ele no salão, ambos como protagonistas de desastres.

Cunha vê o dedo no Planalto na realmente estranhíssima história do papel que traz redigida à mão a afirmação de que ele recebeu R$ 45 milhões de propina do banco BTG Pactual em razão de emendas que fez à MP 608.

O presidente da Câmara nega que esteja num toma-lá-dá-cá, vale dizer: ele receberia os votos de que precisa no conselho e mandaria arquivar — ou manteria na gaveta — a denúncia contra a presidente.

Uma coisa é certa: Cunha já deixou claro que têm todos os pareceres de que precisa, oriundos da Consultoria Jurídica da Câmara. Agora, ele próprio diz, só é preciso anunciar a decisão. Está esperando o quê? Ora, a votação no Conselho de Ética. Se depender do governo, será bem-sucedido: Jaques Wagner (Casa Civil) tenta convencer os petistas do grupo a votar em favor de Cunha.

O Planalto quer evitar a todo custo que Cunha dê início à tramitação da denúncia que pode resultar no impeachment de Dilma. A razão é simples. A situação política jamais havia atingido esse grau de esgarçamento. A prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), líder do governo no Senado, evidenciou a proporção que tomou a máquina criminosa que se assenhoreou do estado brasileiro.

A situação econômica do país, por sua vez, exibe sinais claros de deterioração. Os aliados de Dilma avaliam que, sem uma denúncia tramitando na Câmara, a realidade já beira o insuportável. Havendo lá essa ameaça, os parlamentares tenderão a ser sensíveis à voz das ruas.

E, nesse caso, adeus, Dilma!

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