Faustão e Globo abrem as portas para um cuspidor de instituições. Fim da picada!

  • Por Reinaldo Azevedo
  • 25/04/2016 10h20
Divulgação Zé de Abreu

No “Domingão do Faustão”, a delinquência política de José de Abreu vira ato de resistência. Foi asqueroso!

Se a Rede Globo de Televisão, por intermédio do “Domingão do Faustão”, quer transformar o comportamento fascistoide num dos modos de ser da política, que faça bom proveito. Mas não será com o silêncio cúmplice das pessoas decentes. Neste domingo, o apresentador, que, sabidamente, goza de bastante autonomia para levar quem quiser para o seu programa, abriu os microfones para o cuspidor José de Abreu. O canastrão teve direito a um “Arquivo Confidencial” — uma deferência no programa — , dois dias depois de ter dado uma cusparada na cara de um moça e de um rapaz num restaurante.

José de Abreu no Faustão posou de vítima, para uma plateia, ora vejam, vestida de vermelho. É que, há três semanas, certamente para surpresa do apresentador, no mesmo programa, Ary Fontoura, que não cospe em ninguém, negou que o impeachment seja golpe e disse que golpista é Dilma.

A Globo resolveu dar o “outro lado”. É como oferecer a Marcola o direito de se defender se alguém decidir atacar o PCC no “Domingão”. A Rede Globo de Televisão, na versão Faustão, deveria ao menos respeitar seu jornalismo. O petrolão não é uma questão de “lado” e “outro lado”; o petrolão não é um debate sobre juízo de valor; o petrolão não é uma apreensão subjetiva da realidade. Ao contrário: o petrolão é um fato.

Na sexta-feira, o sr. José de Abreu cuspiu na cara de duas pessoas num restaurante em São Paulo. Ele é um contratado da Globo. Hesitei em cobrar da emissora uma postura. Afinal, ele é dono do seu cuspe. Se, no entanto, a Globo, por intermédio do Faustão, faz dele um herói, então é a emissora que cospe na cara dos paulistas e dos brasileiros.

Petralhas
Estou aqui pensando se peço direito de resposta no “Faustão”. A lei me faculta. Ganharia na boa. Mas sei que ganhar essas coisas na Justiça é garantia para ser maltratado. O canastrão falou do jornalista que criou o termo “petralha”. Fui eu. Está dicionarizado. Expliquei à época que: 1) petistas não tinham inventado a corrupção; 2) nem todo petista é petralha; só os que justificam o roubo do dinheiro público.

No Faustão, com a concordância do apresentador, o “petralha” virou expressão de um preconceito. Não tenho nada contra programa de entretenimento. Se Faustão quiser ver a turma se virar nos 30 para gáudio de sua audiência, por mim, tudo bem. Se for pra falar de política, que se faça direito.

Covarde
José de Abreu, de resto, é um covarde. Vive atacando a “mídia golpista”, menos, claro, os veículos do grupo Globo. Ao contrário. No programa do Faustão, falou bem dos patrões. É menos corajoso do que Mônica Iozzi, que tira o sarro do Jornal Nacional no Twitter, chamando de idiota quem acredita naquilo a que assiste ao principal noticiário da casa. Se continua a receber o salário…

Quando um programa da Globo trata como herói um sujeito que chama a imprensa — menos a Globo — de golpista, é como se a emissora recorresse aos serviços de um pistoleiro para atacar a concorrência.

A Globo e o Domingão do Faustão escreveram um triste capítulo da radiodifusão no Brasil. Pistolagem não tem outro lado. Na democracia, quem usa cuspe como argumento não tem direito a defesa. Mais: o humano Zé de Abreu do Faustão é o mesmo que, além de cuspir na cara de cidadãos honestos, escreveu isto aqui, no dia 4 de abril, sobre um jornalista decente, que havia morrido no dia 2.

Faustão tem o direito à sua pizza. E a gente tem o direito de apontar as imposturas.

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