Pantomima de esquerda vai às ruas hoje. Patrocínio: direita xucra

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 15/03/2017 11h24
Elza Fiúza/Agência Brasil Rodrigo Janot

Que o dia amanheça com as características de que o diabo gosta, bem, disso não se duvide. Há tempos está marcado o protesto desta quarta-feira em São Paulo e outras cidades contra as reformas trabalhista e da Previdência. É evidente que o ato está sob o controle do PT e da CUT, que dispõem de recursos para fazer barulho. Mas ao menos um aliado do governo Temer disputa um lugar entre os protagonistas: o deputado Paulinho da Força (SDD-SP). Ele não abre mão dos cargos do governo. Só não quer a sua pauta. Mas e o diabo com isso?

Bem, Rodrigo Janot deu a sua força com a chamada “Lista dos 83”. O timing foi perfeito. Ora, qual é a tese essencial do PT? Tudo o que se diz contra o partido tem um elemento de armação e conspiração porque, na verdade, todos são iguais. Como já destaquei aqui, a exclusividade petista — ter comandado a maior máquina de que se tem notícia de assalto permanente aos cofres — se perdeu.

Mais: Lula prestou um depoimento nesta terça da 10ª Vara Federal de Brasília. Deve ter sido uma das peças mais bisonhas da Justiça Federal em todos os tempos. O evento serviu apenas para que o pré-presidenciável do PT usasse o depoimento como palanque. Não lhe foi feita uma única pergunta que não fosse platitude. Os petistas comemoraram.

Notem: as circunstâncias conspiram em favor do fortalecimento do discurso de viés esquerdista. E é evidente que parcelas consideráveis da opinião pública veem com reservas a reforma da Previdência — sem a qual o país vai para o vinagre. O viés é quase sempre aquele “das ruas”, como chamaria Elio Gaspari: “Se os políticos roubaram tudo, por que nós vamos pagar o pato?”. Vá convencer essas pessoas de que a Previdência estaria quebrada ainda que o Brasil fosse composto apenas de homens e mulheres moralmente honestos.

A desonestidade, no caso da Previdência, é com a matemática.

E as sandices vão se multiplicando, com estupidez crescente e convicta. Ainda ontem,  setores da Internet “de direita” (ou que se dizem de…) já tratavam como condenados aqueles que Rodrigo Janot nem ainda denunciou. Ele apenas pediu abertura de inquérito. Ao mesmo tempo, ora vejam, tais setores saudavam a reforma da Previdência como uma necessidade imperiosa.

Então ficamos assim. Ao mesmo tempo em que grupos excitam o seu “povo de direita” a se lançar contra o Parlamento (oh, claro!, apenas contra a ala desonesta!) —, cobra-se que esse mesmo Parlamento compre briga com o “povo de esquerda”, entenderam? A ambição dos valentes, em suma, é que o Poder Legislativo se lasque com 100% do povo. “Só assim haverá renovação”, escreveu um desses luminares.

Não creio que seja burrice. Talvez seja só oportunismo. Pode ser coisa pior.

O dia promete ser confuso em São Paulo — que é para onde os olhos se voltarão. Mais uma vez, os esquerdistas (agora com Paulinho) escolhem um dia útil para o protesto. Compreensível. Os sindicalistas e militantes profissionais estão com a vida ganha. Se vão reunir pouca gente ou muita, não sei. O transtorno será grande.

Ainda que a Justiça tenha determinado que não haja paralisação do serviço, o Sindicato dos Metroviários — comando por uma miríade de esquerdistas, sob a centralização do PSOL — aprovou a greve. Há duas decisões contrárias à paralisação dos motoristas de ônibus. Até onde se sabe, a decisão de interromper o serviço por algum tempo está mantida. Professores da rede estadual também aderiram à paralisação.

Se não mudar de ideia, Lula discursa na concentração da Avenida Paulista.

Como vocês sabem, isso tudo, para mim, é como o capítulo repetido de uma novela. Cada uma dessas etapas foi antevista aqui.  Sim, as ruas estarão cheias de vermelho nesta quarta.

Mas, na raiz desse evento, jamais se esqueçam, estão a direita xucra e sua falta congênita de livros.

 

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