Pingo Final: Derrota do governo na Câmara mostra que os desafios estão apenas no começo

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 07/07/2016 11h12
Brasília - O Presidente interino Michel Temer faz pronunciamento no Palácio do Planalto ( Marcelo Camargo/Agência Brasil) Marcelo Camargo/Agência Brasil Michel Temer Fotos Públicas - AGBR - caretas

E o governo Temer sofreu nesta quarta a sua primeira derrota na Câmara. Não conseguiu aprovar o pedido de urgência para o projeto que renegocia a dívida dos Estados. Eram necessários 257 votos; houve 253. E 131 parlamentares votaram contra.

Parte do PMDB não ficou com o governo. A pressão, ficou claro, vem sobretudo dos Estados do Nordeste, que cobram ainda mais benefícios. Isso dá conta de que como ainda é preciso caminhar bastante até que se estabeleça uma maioria segura.

O fato de o governo ser interino, é evidente, cria dificuldades. A Câmara também está desarticulada. Aquele que ainda é, individualmente, sua personagem mais influente está com a corda no pescoço: Eduardo Cunha (PMDB-RJ). No comando, oficialmente ao menos, está Waldyr Maranhão (PMDB-MA).

O STF estabeleceu um prazo até 22 de agosto para a União e os Estados formalizem o acordo.

Ajustar as contas públicas e lhes dar previsibilidade passou a ser uma tarefa essencial do governo. Mais: é preciso trabalhar com número realistas. Uma das coisas que jogaram a gestão Dilma no mais absoluto descrédito foi a certeza de que os números da economia antevistos pelo governo não se cumpririam.

Também terminou sem acordo a reunião do presidente Temer com a área econômica e lideranças políticas para se chegar à previsão de déficit do ano que vem: fala-se em algo entre R$ 150 bilhões a R$ 160 bilhões — neste ano, estima-se um vermelho de R$ 170,5 bilhões.

E olhem que esses números horríveis só podem ser alcançados, avalia-se, com um aumento de impostos: os maiores candidatos são PIS/Cofins e Cide, mas nada está ainda definido. A crise política é, sim, grave, tanto é que, nesta quinta-feira, uma nova fase da Operação Lava-Jato está na rua. Mas Temer sabe que equacionar a economia e lhe dar previsibilidade é vital para a estabilidade.

E não, meus caros, dada a forma que tem o Presidencialismo no Brasil, não adianta dar murro na mesa e dizer que não conversa com o Congresso. Tem de conversar. Como a gente nota, ele pode, sim, criar grandes embaraços ao governo.

Os desafios estão apenas no começo.

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