Pingo Final: Ex-advogada de Dilma não aparece no TSE para retomar julgamento que complica sua ex-chefe

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 02/10/2015 14h06
Ministra Luciana Lóssio durante sessão plenária do TSE. Brasília-DF 03/10/2014 Foto: Roberto Jayme/ASICS/TSE Roberto Jayme/ASICS/TSE Luciana Lóssio

Que coisa! O TSE já tem uma maioria formada para retomar a investigação das contas de campanha da presidente Dilma Rousseff. Caso se constate crime eleitoral, a chapa que a elegeu pode ser cassada, o que levaria à realização de novas eleições diretas se isso se der antes de dois anos de mandato ou à escolha de um novo presidente pelo Congresso se nos dois anos finais.

O julgamento está parado, no entanto, porque a ministra Luciana Lóssio, ex-advogada de Dilma, guindada ao tribunal com o apoio da ex-chefe, pediu vista. Vista inútil, note-se, uma vez que a maioria está formada.

Na semana passada, ela anunciou que já tem pronto seu voto. A sessão foi retomada hoje e eis que… Luciana não apareceu para trabalhar!!! Mas a heterodoxia não parou por aí. Não apareceu nem deu um telefonema. Seu celular estava desligado. Não houve aviso prévio, nada. Ela simplesmente matou o serviço e não deu ciência aos colegas.

Sendo assim, a ação fica parada. Como Gilmar Mendes e Dias Toffoli, presidente do tribunal, têm viagens de trabalho agendadas, parece-me que a estratégia é empurrar a coisa com a barriga enquanto der.

Relatora a favor
João Otávio Noronha, o representante do STJ no TSE, encerrou nesta quinta seu mandato. Ele era o relator de duas de três ações no tribunal em favor da cassação da presidente Dilma. Acumulava também a função de corregedor do tribunal, posto que ficará com Maria Thereza de Assis Moura.

A questão agora é saber se Maria Thereza, relatora da ação movida pela oposição, concentrará as três. Ela chegou ao tribunal pelas mãos de Márcio Thomaz Bastos e é considerada pró-governo. Pediu, por exemplo, o arquivamento do processo movido pelos oposicionistas, mas perdeu.

Em sua despedida, Noronha disse palavras duras sobre o atual momento político. Pena que Luciana não estivesse presente para ouvir:
“Vivemos dias de profundas transformações no cenário nacional. Mudanças que não prevíamos e nem prevenimos e cujas consequências não antecipamos. Fala-se o tempo todo em crise, crise de moralidade ante a banalização da inversão de valores, (…) crise econômica e financeira creditada à globalização e à má gestão do dinheiro público, crise de autenticidade flagrada na proliferação dos bodes expiatórios usados para desviar os olhos do eleitor das distorções do poder público, crises de referência em razão do sumiço da ética, crise de enfraquecimento do Estado em contraposição à crescente tentativa de manipulação da democracia pelo ranço do jeitinho brasileiro”.

A investigação sobre as contas de campanha de Dilma promete. Novas informações que vêm a público sobre troca de mensagens por WhatsApp indicam que a doação que a UTC fez à campanha da presidente à reeleição saiu mesmo do dinheiro criminoso do petrolão — vale dizer: foi descontado da conta-propina.

A ação das oposições no TSE ganha novo impulso. Se isso ficar evidenciado, ou o TSE cassa a chapa ou se desmoraliza.

Por Reinaldo Azevedo

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