Pingo Final: Ou o Ministério Público mente, ou o BNDES é uma esculhambação a serviço dos amigos do rei

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 25/11/2015 13h51
A CPI do BNDES realiza audiência pública para ouvir o presidente da instituição, Luciano Coutinho (Antonio Cruz/Agência Brasil) Antonio Cruz/Agência Brasil Luciano Coutinho

Como vocês sabem, a 21ª fase da Operação Lava-Jato se chama “Passe Livre” numa referência a um aviso que havia na portaria do Palácio do Planalto quando Lula era presidente e que dizia respeito ao senhor José Carlos Bumlai. Num papelucho em que havia a foto do amigão, podia-se ler o seguinte:
“O sr. José Carlos Bumlai deverá ter prioridade de atendimento na portaria Principal do Palácio do Planalto, devendo ser encaminhado ao local de destino, após prévio contato telefônico, em qualquer tempo e qualquer circunstância”.

Isso, como se vê, é passe livre.

A Polícia Federal pediu ao BNDES as cópias dos contratos que resultaram em empréstimos para as empresas de Bumlai, totalizando a bagatela de R$ 504 milhões. O banco diz que tudo foi feito dentro da lei e da ordem. É mesmo?

Segundo o MP, quando a São Fernando Açúcar e Álcool, por exemplo, obteve, em 2008, um empréstimo de R$ 338 milhões, já havia contra ela um pedido de falência. O passivo da empresa hoje, que está quebrada, é de R$ 1 bilhão — mais da metade com o BNDES. Quando a São Fernando Energia levou outra bolada da instituição — R$ 101,5 milhões —, estava inativa operacionalmente e contava com apenas sete funcionários.

Alguns políticos são doidos para inventar lugares inexistentes para depositar suas desculpas. Ou Luciano Coutinho, presidente do BNDES, demonstra que o Ministério Público está mentindo, ou ele tenta justificar os critérios usados pela instituição que preside.

Em nota, diz o banco:
“O BNDES reafirma a lisura de todos os procedimentos associados aos empréstimos com o Grupo São Fernando. O banco reafirma sua disposição de continuar colaborando com as autoridades e seu zelo para com a gestão dos recursos públicos sob sua responsabilidade.”

É pouco, Coutinho. Havia ou não o pedido de falência quando se emprestaram R$ 338 milhões a uma das empresas? A outra, quando recebeu R$ 101,5 milhões, estava ou não inativa? Se o Ministério Público mente, isso precisa ser denunciado. Se ele fala a verdade, e parece que fala, então o BNDES é uma esculhambação a serviço dos amigos do rei.

O que a Polícia Federal quer saber é se se esse dinheiro, a exemplo do empréstimo de R$ 12,17 milhões feito pelo Banco Schahin, também foi parar nas contas do PT.

Ah, sim. E só pra arrematar. Um órgão oficial, que luta para que sua credibilidade sobreviva ao aluvião, emite nota de contundente clareza. Diz a Receita Federal:
“nesta fase, investigam-se sucessivas contabilizações de supostos empréstimos com o objetivo de dissimular a real circulação de recursos saídos de instituições financeiras até os beneficiários finais dos valores, em intrincado esquema de interposição fraudulenta e de lavagem de dinheiro […]”

Dinheiro, meus caros, jamais se esqueçam, que pertence a todos nós.

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