Por que a Petrobras divulga um balanço no qual ninguém acredita?

  • Por Jovem Pan
  • 28/01/2015 14h02

Reinaldo, e o balanço da Petrobras?

E a Petrobras divulgou, na calada da noite, o seu balanço trimestral. Sem incorporar as perdas decorrentes da corrupção. Sem pôr na conta a roubalheira, a estatal registrou lucro de R$ 3,087 bilhões no terceiro trimestre do ano passado, uma queda de 28% em relação ao mesmo período do ano anterior. Entre janeiro e setembro, o ganho acumulado foi de R$ 13,4 bilhões, recuo de 22% ante o ano anterior.

E as safadezas? O documento, assinado por Graça Foster, explica: “Concluímos ser impraticável a exata quantificação destes valores indevidamente reconhecidos, dado que os pagamentos foram efetuados por fornecedores externos e não podem ser rastreados nos registros contábeis da companhia”.

E por que divulgar um balanço no qual ninguém acredita? A empresa explica: “A divulgação das demonstrações contábeis não revisadas pelos auditores independentes do terceiro trimestre de 2014 tem o objetivo de atender obrigações da companhia em contratos de dívida e facultar o acesso às informações aos seus públicos de interesse, cumprindo com o dever de informar ao mercado e agindo com transparência com relação aos eventos recentes que vieram a público no âmbito da Operação Lava-Jato”.

Quanta responsabilidade, não é mesmo?! Qual é o busilis? Antes de acusarem seu balanço às falcatruas perpetradas pelos bandidos que o PT encrustou na maior empresa brasileira, a estatal teria decidido fazer uma consulta à Securities and Extended Comission, a SEC, órgão regulador do mercado de capitais americano, sobre qual é a melhor metodologia para fazer a baixa contábil dos desvios.

Com todo respeito, a coisa tem cheiro de lorota. A Petrobras dispõe de permanente consultoria de primeiro nível no Brasil e no exterior para saber o que deve ser feito. O problema é outro.

Segundo as informações que vazaram para a imprensa, num grupo de 52 projetos avaliados, 31 tiveram ativo corroído por corrupção e outras perdas e 21 teriam passado por uma valorização. O conselho teve achado distinguir alhos de bugalhos, separando as tais “outras perdas” da roubalheira pura e simples.

O que se estima é que a empresa teria de incorporar uma perda de US$ 20 bilhões – ou R$ 52 bilhões. Sabem o que isso significa? Praticamente a metade do que ela vale hoje na Bolsa de Valores – R$ 107 bilhões no começo deste mês.

Dilma comandou nesta terça, como se sabe, a maior reunião ministerial do planeta. No discurso, ela disse não haver contradição entre o que diz e faz. Num grupo de 192 palavras, repetiu “Petrobras” oito vezes, segundo ela, a “mais estratégica empresa do Brasil”. Defendeu que se investiguem as irregularidades, mas sem enfraquecer a estatal. E seguiu com outras platitudes.

Enquanto a governanta, em suma, anunciava amanhãs sorridentes, a Petrobras, depois de 12 anos sob os cuidados da companheirada, é obrigada a publicar um balanço na calada da noite, sem auditoria, no qual ninguém acredita. É a suprema desmoralização.

Que ironia! Houve um tempo em que o PT fazia terrorismo eleitoral, acusando os adversários de querer vender a Petrobras, o que sempre foi mentira. Se a estrovenga fosse posta à venda hoje, haveria o risco de ninguém querer comprar…

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