A situação de Cunha se complica ainda mais

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 02/10/2015 13h57
BRASÍLIA, DF, 30.09.2015: EDUARDO-CUNHA - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, preside sessão de votação da Casa, nesta quinta-feira, em Brasília (DF). O Plenário aprovou o projeto de lei de conversão da comissão mista para a Medida Provisória 676/15, que permite, até 2018, a aposentadoria no Regime Geral da Previdência Social pela regra alternativa conhecida como 85/95. Essa regra permite ao trabalhador aposentar-se sem a redução aplicada pelo fator previdenciário sobre o salário, criada em 2000 para desestimular a aposentadoria antes dos 60 anos (se homem) ou 55 anos (se mulher). (Foto: Renato Costa/Frame/Folhapress) Folhapress Presidente da Câmara dos Deputados

Não há dúvida de que a investigação sobre Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, parece ter avançado com mais celeridade do que a de qualquer outro implicado na Operação Lava Jato. Segundo nota da própria Procuradoria-Geral da República, para tanto, o governo brasileiro, por meio do Ministério da Justiça, colaborou com o governo suíço, e os respectivos Ministérios Públicos dos dois países trocaram informações. Parece que Cunha é, sim, um alvo selecionado. Sendo, como é, um desafeto do governo, isso fala por si. Ocorre que…

Ocorre que a situação do deputado se torna a cada dia mais difícil. Pessoas envolvidas com a investigação vazaram para Folha de S. Paulo que Cunha era o beneficiário final de quatro contas na Suíça, abertas naquele país por offshores situadas em paraísos fiscais. O montante das quatro contas foi bloqueado, e a investigação, transferida para o Brasil.

Antônio Fernando de Souza, advogado do deputado, negou-se a comentar o caso e afirmou que vai apresentar a defesa à Justiça no momento adequado.

Informa a Folha:
“Uma das contas cujo controle os suíços atribuem a Cunha recebeu recursos de um lobista do PMDB chamado João Augusto Henriques, preso pela Operação Lava Jato em 21 de setembro. Em depoimento à Polícia Federal, Henriques disse que fizera um depósito na conta de Cunha sem saber que era do deputado. Segundo o lobista do PMDB, ele fizera a transferência a pedido do economista Felipe Diniz, filho do deputado Fernando Diniz (PMDB-MG), que morreu em 2009. Ainda segundo Henriques, “o valor depositado não era propina, mas uma comissão lícita porque Diniz o ajudara a costurar um negócio que resultara na compra pela Petrobras de um campo de exploração de petróleo no Benin, na África.”

Assim, vamos ver o que temos: não há duvida de que setores do governo federal, da PF e do Ministério Público parecem ser especialmente ágeis quando o alvo é Cunha, e isso certamente dá o que pensar.

Até pouco tempo atrás, o que havia contra o presidente da Câmara eram testemunhos, que sempre têm um valor relativo. Se as contas forem mesmo suas, como atestam o governo e o Ministério Público da Suíça, é evidente que as coisas se agravam. E muito!

Ficará bem mais difícil o deputado alegar perseguição.

No dia em que várias bombas contra o PT e o petismo explodem, Cunha se complica um pouco mais. Isso tudo está cada vez mais parecido, já lembrei aqui, com uma cena de “Cães de Aluguel”, de Tarantino: todo mundo atira, e todo mundo morre.

Por Reinaldo Azevedo

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