Julgamento no TSE se tornou um risco enorme para Temer

  • Por Jovem Pan
  • 17/05/2017 22h49
EFE Michel Temer EFE

Antes de vir à tona parte do conteúdo de delação-bomba que pode comprometer o Michel Temer, a defesa do presidente contava com a absolvição no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que julga irregularidades na campanha Dilma-Temer em 2014.

Em questão de horas, a estratégia muda e o julgamento da chapa “passou a ser um risco enorme”, avalia a colunista Jovem Pan Vera Magalhães.

Até então, Temer contava com um placar favorável de 5 a 2 na corte eleitora, até porque o próprio Temer havia nomeado dois novos ministros nos últimos meses. Após a gravidade dos novos fatos revelados, a situação pode se reverter.

A equipe presidencial já considerava o risco de uma delação dos donos da JBS e, justamente por isso, queria “se livrar” do julgamento no TSE antes. Mas o conteúdo explosivo dos fatos narrados (e gravados) por Joesley Batista apareceu antes.

Vera Magalhães lembra também que no caso em que Temer agora é acusado, ele não se beneficia nem do preceito constitucional de não poder ser julgado por atos anteriores ao mandato. As gravações em que o peemedebista teria aprovado o pagamento de mensalidade para calar Eduardo Cunha na prisão teriam sido feitas em março e abril.

“Podemos viver uma situação inusitada de ter dois presidentes cair em um ano”, diz Vera.

Ligação estreita

A colunista Jovem Pan informa ainda que Rodrigo Rocha Lourdes (PMDB-PR), que também teria sido gravado recebendo mala de R$ 500 mil, é “muitíssimo ligado a Temer”. Rocha falava até com agências de risco do mercado financeiro em nome do presidente da República. Era alguém “umbilicalmente” ligado a Michel Temer, que o acompanhava nas viagens presidenciais.

Nota pode comprometer

Vera Magalhães avalia ainda que a nota divulgada pelo Palácio do Planalto em que Temer nega as informações de que teria dado a anuência ao “cala-boca” de Cunha pode complicar em muito a situação do presidente. 

“Se tiver um áudio de temer pedindo propina, essa nota só agrava a situação, porque expõe o presidente divulgando mentiras”, diz. Vera avalia que a divulgação foi “precipitada”.

Gravação legal?

A comentarista lembrou também que a participação da Polícia Federal na montagem de uma cena para a obtenção de um flagrante é fato inédito na Lava Jato. Algo semelhante já havia ocorrido na Operação Satiagraha, que foi anulada por atuações irregulares. Basta observar se as gravações estão devidamente amparadas pela lei e pela Justiça.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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