Derrota no Congresso mostra que a base do governo está completamente desarticulada

  • Por Jovem Pan
  • 12/03/2014 16h24

Congressistas levantam a mão aprovando comissão para investigar Petrobrás nesta terça-feira

Valter Campanato/Agencia Brasil Congressistas levantam a mão aprovando comissão para investigar Petrobrás

O governo teve uma grande derrota no Congresso Nacional, quando foi aprovada, por 267 votos a favor e 28 contra, uma comissão especial para investigar denúncias contra a Petrobrás na Holanda. Deputados do PT, PCdoB e parte do PDT oficialmente tentaram resistir, mas pessoas do PDT acabaram votando a favor, e té um petista.

José Maria Trindade, repórter Jovem Pan em Brasília, não considera o requerimento algo muito importante, mas Reinaldo Azevedo diz que “a questão é simbólica”.

O fato de o PT ter 411 dos 513 deputados em sua base governista, e não depender diretamente do partido do PMDB para barrar uma proposta, mostra que não apenas o partido de Sarney, Eduardo Cunha, Henrique Alves e Temer está em crise com o Governo, mas a base do governo está completamente desarticulada, analisa Reinaldo.

A importância da decisão legislativa “vai depender do grau de beligerância dessa comissão”. “A Petrobrás é uma caixa-preta”, diz Reinaldo. E, se ficar evidenciado com essa comissão o pagamento de propinas de U$ 30 mihões, “aí, sim, a CPI pode ser desastrosa”. O comentarista ainda afirma que o “Governo Lula quebrou a Petrobrás”, e lembra que apenas o escândalo de Pasadena esteve numa ordem de U$ 1 bilhão.

Reinaldo, entretanto, não acredita que haverá rompimento, mas afirma que PMDB não estará tão fechado com o PT nas eleições de outubro. E, desse imbróglio todo, quem sai fortalecido é Eduardo Cunha, líder do PMDB na Câmara, desafeto de Dilma, e que recebeu um manifesto de apoio unânime de sua bancada.

Já quem sai um pouco arranhado é o vice-presidente Michel Temer, que tinha dado como certo um acordo, dado a crise como encerrada. José Maria Trindade concorda com essa análise de Azevedo e diz ainda que a presidente Dilma cobra de seu vice esse controle da Câmara.

Projeto de hegemonia

José Maria Trindade relata, então, que o que mais irrita no PMDB não é nem a ambição por mais cargos no Governo, ma a própria convicência com o PT, como notou em conversas com congressistas. Haveria um “projeto de hegemonia” do Partido dos Trabalhadores, que pretende ter na Câmara mais de 100 deputados, o que obrigaria o PMDB a ficar com pouco mais de 60 cadeiras, perdendo, provavelmente, a presidência da Casa.

Além disso, o partido que sempre apoiou Dilma estaria sendo deixado de lado em eventos políticos como inaugurações de creches. “Os peemedebistas ficam com o ônus, não com o bônus de ser governista”, avalia Trindade.

Endossando a visão do colega, Reinaldo Azevedo lembra ainda que há membros petistas que apoiam a tese de um financiamento público de campanhas em que é considerado o número de votos nas eleições anteriores, no projeto de reforma política que tramita. A tese prejudicaria especialmente o PMDB, “partido dos grotões” do Brasil, e que tem mais de 4 milhões de votos a menos que o PT.

Confira mais detalhes no áudio acima.

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