A desfaçatez de Lobão e o chamamento de Sergio Moro

  • Por Jovem Pan
  • 13/02/2017 10h46
Montagem/Agência Brasil e EFE Edison Lobão e Sergio Moro - montagem efe e abr

A comentarista Jovem Pan Vera Magalhães faz um contraponto entre duas manifestações que foram noticiadas no fim de semana.

A primeira é um monumento à desfaçatez e à pouca vergonha. A outra é um chamamento das autoridades à sua responsabilidade e uma denúncia de uma articulação que está por vir para tolher a Lava Jato.

Em uma entrevista inacreditável do senador Edison Lobão ao Estado de S. Paulo, o novo presidente da CCJ, responsável também por sabatinar os futuros ministros do Supremo, disse que toda anistia é constitucional. Ele comparou a anistia histórica dada aos presos políticos que se contrapunham ao regime militar a essa anistia vergonhosa que está sendo urdida aos partidos políticos.

Ele também cunhou uma frase lapidar: “nós, que somos investigados e delatados, vivemos esse estado de constrangimento”. Ele disse: “o que eu quero dizer é que é constitucional a figura da anistia, qualquer que ela seja”.

Sobre a Lava Jato, Lobão “denunciou” o que se quer no mundo político: “Não acho que tem que ser extinta, mas conduzir ao ponto que estamos chegando, da criminalização da vida pública, é o que nos envia para a tirania”.

Lobão fala em consonância com um movimento do Congresso inteiro de tolher a Lava Jato, com ecos no Executivo e Judiciário. No judiciário, para estabelecer parâmetros para diferenciar executivos que “apenas” praticaram caixa dois e aqueles que enriqueceram ilicitamente.

O juiz Sergio Moro fez o contraponto e o chamamento à responsabilidade na forma do despacho que fez negando a soltura do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. É um despacho lapidar, primoroso, que acaba com a falácia de que as prisões em Curitiba são mantidas de forma alongada e injustificada.

Moro dá todas as justificativas, entre elas a forma de Cunha fazer chantagem ao mundo político. Ele relembra que a tentativa de soltar Cunha já foi negada pelo TRF, STJ e STF. Depois, cita decisão do ex-ministro Teori Zavascki, em forma inteligente de mostrar que ele não está agindo sozinho, por voluntarismo, mas que é algo embasado na lei e em decisões anteriores.

Supremo deveria ter decidido um pedido de soltura de Cunha na semana passada, mas não o fez, pois a pauta foi adiada pelo ministro Dias Toffoli.

Se tem uma prisão preventiva que tem toda razão de ser, seja pelos depósitos no exterior ainda não identificados, sejam pelas chantagens diretas, seja pela alegação de doença com a recusa de exame, é a de Eduardo Cunha.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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