Dilma fala de direitos trabalhistas; entenda por quê

  • Por Jovem Pan
  • 18/09/2014 11h35

Reinaldo, que história é essa de direitos trabalhistas e vacas que tossem?

Às vezes, dá aquela coceirinha, aquela vontade de trabalhar em campanha eleitoral, só para desmontar certos discursos à boca da urna. Nesta quarta, em São Paulo, indagada por um empresário se mudaria as leis trabalhistas, Dilma reagiu naquele seu estilo que, os mais antigos vão concordar, lembra João Figueiredo, o último presidente do regime militar.

Respondeu a presidente-candidata: “Se essas mudanças precisam ser feitas para garantir que todas as alterações sejam absorvidas, eu acredito que sim. Agora vamos ter clareza disto: 13º, férias e horas extras, [não se muda] nem que a vaca tussa”.

Então tá. Daqui a pouco, o PT começará a atribuir a Marina a intenção de extinguir essas garantias, como já fez antes com Aécio Neves (PSDB). E como desconstruir essa fala meio, digamos, “malandrinha”? Ora, esses são os únicos “direitos trabalhistas” por acaso? Há outros! E a multa de 40% sobre o saldo do FGTS, por exemplo, que a presidente não citou? As empresas são obrigadas a pagar no caso de demissão imotivada. Dilma concorda em extingui-la?

A presidente procurava na prática se contrapor a  Marina Silva, que se encontrara com empreendedores na terça-feira e dissera que é preciso rever as leis trabalhistas, destacando de todo modo, ela sabe onde pisa,que é necessário que se preservem os direitos que existem hoje.

Olhem aqui: Dilma, para não variar, com o esse “estilo Figueiredo”, está criando obscurantismo. Quando se fala em rever a CLT, o que se quer é pôr sob o abrigo da lei, alguma lei,atividades profissionais que não têm como estar cobertas pela atual legislação.

Tome-se o caso, por exemplo, das múltiplas atividades profissionais que surgiram com o advento da Internet. Será que se encaixam no arcabouço legal vigente? A resposta é “não”. Atividades de caráter intelectual as mais diversas podem ser exercidas sem os vínculos empregatícios previstos na CLT. Não se trata, de, como dizem sindicalistas, “precarizar” as condições de trabalho, mas de formalizá-las segundo as necessidades do mundo contemporâneas.

Ocorre que os pterodáctilos do sindicalismo impedem que se faça um debate honesto a respeito. A fala de Dilma só colabora para criar a confusão, já que ninguém está sugerindo, que se saiba, extinguir 13º, férias ou horas extras.

Mais uma vez, se faz um debate sobre o nada de um assunto, que é sim, importante.

 

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