Eike, o empresário do PT

  • Por Jovem Pan
  • 27/01/2017 11h24
Brasil, Brasília, DF. 15/04/2010. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (e), discursa para o presidente da China, Hu Jintao, tendo ao fundo o empresário brasileiro Eike Batista (d), após encontro bilateral, antecipando a reunião dos BRIC (grupo composto pelas principais economias emergentes) no Palácio do Itamaraty, em Brasília(DF). - Crédito:ANDRÉ DUSEK/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/Codigo imagem:73808 André Dusek/Estadão Conteúdo AE - Ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com empresário Eike Batista ao fundo em 2010

Foi em novembro de 2002 que Eike Batista ouviu pela primeira vez a expressão “empresário do PT”. E ficou obcecado pela ideia de se tornar um. Lula acabara de ser eleito presidente e Eike recebia uma comitiva de petistas no escritório de sua holding EBX, no Rio.

O pessoal, sempre direto ao ponto, vinha pedir dinheiro. A campanha deixara um rombo de milhões no caixa dois e de pouco menos de um milhão no oficial. E ajuda o partido, conforme argumentou um dos petistas, significaria ter facilitado o acesso ao time dos empresários do PT.

Eike compreendeu, gostou, desejou e doou quantias de seis dígitos, boa parte da qual por fora. Ele não tinha como saber ainda o que de fato lhe ofereceria a condição de empresário do PT, mas intuiu que era bom investimento. Era, seria muito mais. Era o começo de uma relação bilionária em que as elásticas fronteiras entre público e privado no Brasil quebrariam todos os recordes de elasticidade.

Empresário do PT, Eike Batista foi o símbolo dos “campeões nacionais” de Lula e Dilma Rousseff. E nada me deixa mais ansioso do que a perspectiva de que a Lava Jato entre para valer no BNDES de Luciano Coutinho. Empresário do PT, Eike foi também a expressão falsamente empreendedora da mentira segundo a qual a união de governos federal, estadual e municipal representaria uma nova era de oportunidades no Rio de Janeiro. O ouvinte olhe para o Rio de Janeiro e veja o que disto restou.

Se a Polícia Federal chegou ao coração das relações entre Sérgio Cabral e Eike Batista, não há motivos para ter dúvidas de que logo chegará às relações entre os petistas e Eike Batista. É incontornável e será grande. Aliás, toda essa trama encontra-se esplendidamente contada naquele que talvez seja o mais importante livrorreportagem lançado no Brasil em 10 anos. “Tudo ou nada: Eike Batista e a verdadeira história do grupo X”, da jornalista Malu Gaspar. Quer compreender o Brasil dos últimos 15 anos? Quer entender o País das relações imundas entre governo e empresários? Então leia. Leia com senso de urgência. Está tudo ali.

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