Empresas e políticos temem possíveis revelações de Palocci

  • Por Jovem Pan
  • 27/09/2016 09h30

Ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci chega a Curitiba em prisão temporária para falar à Lava Jato

EFE/HEDESON SILVA EFE - Ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci chega a Curitiba em prisão temporária para falar à Lava Jato

Há um temor generalizado com a prisão do ex-ministro da Fazenda (2003-2006) e da Casa Civil (2011) Antonio Palocci na 35ª fase da Lava Jato, a operação Omertà. Empresários e políticos temem sobre o que ele pode dizer e revelar durante os cinco dias de prisão temporária, a princípio. As informações são da colunista Jovem Pan Vera Magalhães.

Além da Odebrecht, com quem Palocci tinha relação direta de interesses segundo as investigações, outras empresas que contrataram a consultoria do ex-ministro, chamada “Projeto”, estão preocupadas com o que pode aparecer de repasses para Palocci ou o PT, a esse “caixa-geral” do Partido dos Trabalhadores.

Há um receio também por parte dos políticos, que sabem que Palocci sabe demais. Ele é uma figura muito central na história do PT e de como o petismo montou um projeto para manter o poder. Dirceu também era central, caiu, mas ficou muito quieto. Ele é um homem orgânico, do partido, envolvido na “causa”. Palocci, por sua vez, é muito mais pragmático, e não se sabe o que ele pode dizer.

Além disso, muitas das fontes ouvidas pela coluna enfatizam o papel que Palocci teve na montagem das finanças do Insituto Lula. O ex-ministro era visto com frequência na sede em São Paulo. Uma das linhas de investigação da Lava Jato é de repasses da Odebrecht, via Palocci, para a compra de um terreno para a nova sede do Instituto, que não chegou a ser construída.

Dinheiro e poder

Antonio Palocci saiu do governo duas vezes sem nunca ter saído. Ele continuou sendo muito influente. E essa influência se construiu na campanha eleitoral.

Palocci assumiu a função de Celso Daniel, então coordenador da campanha de Lula em 2002 e assassinado em janeiro daquele ano. Ele era outro político do PT que tinha as características de Celso: palatável ao empresariado. Palocci havia feito privatizações em Ribeirão Preto. Ele poderia dar a imagem que o PT queria passar à época, de que Lula não mexeria na economia.

Foi justamente nesse intervalo entre quedas, de 2006 a 2011, que Palocci construiu relação mais efetiva com as empresas, fazendo lobby por Medidas Provisórias (MPs) no Congresso e outras medidas no governo que beneficiassem essas empresas.

Não por outra razão, mas pelo canal direto com as empresas, Antonio Palocci foi coordenar a campanha de Dilma em 2010. Ele dava o “software” das operações de arrecadação do partido.

Palocci montava a parte da inteligência, dizia o que as empresas queriam, levava adiante. Somente depois os operadores efetivos, como João Vaccari Neto e José de Filippi Junior, arrecadadores da campanha de Dilma, passavam depois para acertar a “parte prática”.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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