Enquanto não houver mais segurança e respeito mútuo no trânsito, outras mortes de ciclistas ocorrerão

  • Por Jovem Pan
  • 29/10/2014 13h05
Arquivo Pessoal Mona Dorf anda de bicicleta há pelo menos 30 anos

A morte do ciclista Marlon Moreira de Castro, de 35 anos, na Paulista, aqui do lado da Jovem Pan, me faz escrever sobre um assunto caro.

Ando de bicicleta há pelo menos 30 anos, assim mesmo, ainda assim tenho consciência de que a cidade mudou, as ruas ficaram mais violentas e não ouso ir com ela para qualquer lugar.

Não me aventuro por exemplo nas ciclofaixas, no meio das avenidas que considero inseguras.

Sou privilegiada: moro num bairro plano onde se aproveitou o canteiro central de uma grande avenida arborizada pra fazer um caminho para pedestres e outro para bicicletas. Uso a magrela pra ir ao banco, farmácia e fazer um pouco de esporte, sempre com segurança, não compartilho o asfalto. Outro dia emparelhei na ciclovia com um ciclista trabalhando. Era o  Currier Gravinos. Ele, como Marlon, faz entregas pela cidade, percorre 140 km por dia. Perguntei sua opinião sobre a multiplicação das ciclofaixas. Ele acha ótimo: “Assim as pessoas serão incentivadas a deixar o carro em casa,” disse-me.

Não, Gravinos, não vão. Ou não deveriam. É imprudente espalhar ciclofaixas e bicicletas, sem sinalização e sem educar motoristas! Em outras cidades do mundo, onde a bicicleta foi adotada como meio de transporte, os acidentes preocupam. Aqui foram 35 mortes só em 2013, segundo a CET.

Marlon também fazia entregas e usava a bicicleta a serviço. O ônibus vinha pelo corredor, quando ele tentou fazer a conversão na Paulista. Ainda que fosse um ciclista experiente, ele se atrapalhou.

Enquanto não houver sinalização para todos, enquanto não se fixar novas regras para tantos novos meios de transporte, educação no trânsito e respeito mútuo, outras mortes ocorrerão. Pode ter bicicletário, banheiro no trabalho pra quem chegar suado pedalando, é uma temeridade não fixar novas regras para esse novo compartilhamento das ruas.

É preocupante esse novo convívio de carros, motos e bicicletas. Os números de mortes de ciclistas pode se somar à tragédia dos motoqueiros.

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