Gilberto Carvalho admite que PT pode ter errado no diagnóstico sobre a insatisfação com o governo

  • Por Jovem Pan
  • 24/06/2014 15h51

Nêumanne, por que é que o Gilberto Carvalho, de repente, resolveu ser o ombudsman do governo federal no momento em que o governo ao qual ele pertence, como secretário da presidência da República, começa a fazer água na eleição, dificultando, pelo menos, a reeleição de Dilma no primeiro turno e mesmo nos dois turnos?

Recentemente, numa entrevista a blogueiros, o secretário-geral da presidência da República, Gilberto Carvalho, o ex-seminarista, ligadíssimo ao Lula, como todo mundo sabe, fez uma revelação surpreendente: ele disse que a vaia à Dilma, no Itaquerão, não foia apenas uma manifestação da elite branca, contrariando o que o Lula disse à época e depois veio a repetir na convenção do PT no fim de semana.

Desta vez, ele deu uma entrevista de página inteira na edição de segunda-feira da Folha de São Paulo em que admite que o seu partido, e o partido da presidente e do ex-presidente Lula, que na verdade é seu chefe, tenha errado no diagnóstico sobre a insatisfação com o governo. Segundo ele, existe um sentimento generalizado e o partido alimenta a ilusão de que o povo pensa que está tudo bem.

Bom, de uma certa forma, é uma prática nova. O PT está acostumado com o centralismo democrático. Principalmente, quando parte… O centralismo democrático é uma velha escola stalinista, no antigo Partido Comunista da União Soviética, principalmente por parte de alguém que todo mundo sabe que é o homem de Lula no governo Dilma, que é uma espécia de ponte de conexão entre quem manda e quem cumpre.

Agora, de repente, ele diz que […] viajou no metrô para o jogo em que a Dilma foi vaiada na abertura da Copa, entre Brasil e a Croácia, e viu meninos entrando e puxando coro do mesmo palavrão usado no estádio. Então, ele não pode achar que seja um fenômeno na cabeça apenas daquilo que está sendo chamado de elite branca.

Ele também reconheceu que tem companheiros que se enrolaram em processos de corrupção, uma prática tradicional, que antes não aparecia porque não se investigava. Esta é uma velha tese do PT: de quem não há um aumento da corrupção, o que há é um aumento da revelação da corrupção, pelo fato de ela ser investigada. O Lula, aliás, insistiu nesse ponto.

O importante é ver que esta confissão de Gilberto Carvalho implica em uma verdadeira explicação ao outro movimento, que é o movimento que mostra que as coisas não estão bem, mas que é preciso que a militância se una para superá-la e levar Dilma à vitória. Só pode se entendido assim, porque, se não, ele já teria demitido do governo, depois da entrevista aos blogueiros e depois dessa entrevista à Folha.

Bom, mas essas coisas a gente só vai saber ao longo da dinâmica da campanha que está ficando interessante, está começando a ficar interessante.

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