Luiz Azevedo admite ter participado de tramoia para fraudar CPI

  • Por Jovem Pan
  • 07/08/2014 11h33

Reinaldo, então o braço direito do ministro Ricardo Berzoini admite ter participado da tramoia para fraudar a CPI?

Admite sim, embora ele ache isso uma lindeza. Que gente exótica. Luiz Azevedo, braço-direito do ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, veio a público por meio de uma nota oficial para admitir que atuou, sim, na tramoia para fraudar qualquer resultado eventualmente honesto que pudesse ter a CPI da Petrobras no Senado. A VEJA revela a conspirata na sua mais recente edição. A Folha desta quarta informa que Azevedo fez parte da linha de frente do imbróglio. O governo tentou negar que estivesse envolvido até o pescoço no rolo. A presidente Dilma disse a respeito coisas incompreensíveis. Mas não dava mais para disfarçar.

E não é que Azevedo, em sua nota, parece ungido por Deus para cumprir uma missão? É, o homem não trabalha na Petrobras. O homem não trabalha no Senado. O homem não é assessor de parlamentar petista. Mesmo assim, ele revela o que parece ser uma tarefa passada pelo próprio Deus na sarça ardente da empulhação petista: “evitar o uso político eleitoral da CPI”, disse ele. Quem é esse para se considerar protagonista de tal missão? A sua nota é o retrato de um tempo. Leio um trecho, prestem atenção:

“Possuo duas atribuições fundamentais no tocante à CPI da Petrobras – relação com a estatal, para que a mesma atenda de forma organizada as demandas da Comissão com transparência e eficiência; e com os parlamentares da base e da liderança do governo. Atuo em ambas as frentes para que todos os esclarecimentos, dados e fatos sejam prestados pela empresa, visando assegurar a qualidade das informações, evitando, dessa forma, o uso político eleitoral da CPI. Por se tratar de uma ação investigativa do parlamento envolvendo uma empresa estatal, evidentemente a articulação política do governo não deve se omitir de participar dos debates com parlamentares, inclusive para a formação do roteiro e da estratégia dos trabalhos. Trabalhos esses que foram, desde o início, boicotados pela oposição, que agora se utiliza de oportunismo para explorar politicamente o factoide criado.”

Trata-se de uma notável coleção de absurdos. A nota já começa estupidamente errada quando este senhor afirma: “enquanto funcionário da Secretaria de Relações Institucionais, possuo duas atribuições fundamentais no tocante à CPI da Petrobras”. Como é que é? Este cara não tem de ter papel nenhum na comissão. Se tem dois, então é uma barbaridade duplicada.

Sem vergonha, sem constrangimento, ele diz quais são esses papéis:

1: atuar pra que a empresa forneça todos os dados;

2: fazer uma articulação com a base de apoio.

Eis um caso notável em que não se distinguem partido, empresa, Estado e governo. Tudo acaba submetido à mesma lógica e à mesma hierarquia. Ainda que ele estivesse bem intencionado, a Petrobras tem de fornecer as informações porque deve satisfações ao público, mormente porque é uma empresa de capital aberto. Um dos papéis de um secretário-executivo de Relações Institucionais é manter uma interlocução com o Congresso, com o Poder Legislativo, não apenas como uma fatia dele.

Essa gente perdeu a noção do ridículo. Agora, assessor de segundo escalão se acha no direito de emitir nota pública com críticas à oposição. Acusando-a de omissa e de fazer factóides. Alguém elegeu esse cara para alguma coisa? Ele já se submeteu ao crivo popular? Além de ser pego fora do lugar, fazendo o que não deve, arvora-se também em ombudsman da oposição.

Um Zé Mané arrogante acha que pode dar pito na oposição. Dilma perdeu o que nunca teve: o controle do governo.

 

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