Nêumanne questiona democracia brasileira com investigação da PF a Romeu Tuma

  • Por Jovem Pan
  • 06/08/2014 17h59

Nêumanne, faz sentido a Polícia Federal ficar pressionando o delegado Romeu Tuma Júnior, da Polícia de São Paulo, só porque ele escreveu um livro em que diz que o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva era um agente do pai dele, o agente-barba do pai dele, o xerifão Romeu Tuma?

Eu convoco todas as pessoas que foram a palestras minhas. Toda vida que alguém me faz uma pergunta se estamos numa ditadura, eu respondo veementemente: “Não estamos. Eu estou aqui falando o que quero, isso aqui ainda é uma democracia. Pode vir a ser uma ditadura, porque o PT quer transformá-la nisso, mas a presidente Dilma tem sido coerente em evitar a censura e outras coisas assim. Outras testemunhas podem lhes dizer, que eu respondo comentários na internet com a mesma resposta.”

Acontece que há um fato novo e que eu vou ter que repensar essa minha afirmação. Nesta terça-feira, onze horas, o delegado da polícia estadual de São Paulo, Romeu Tuma Jr, foi abordado por agentes da polícia federal em seu escritório para que comparecesse coercitivamente para depor e dar esclarecimentos sobre seu livro “Assassinato de reputações”, editados pela Top Books. Pois bem, o Tuma recusou-se a ir pelo simples fato de que ele já havia ido três vezes.

Primeiro, não há um inquérito. Segundo, até agora ninguém desmentiu nada do que o Tuma disse e o que o Tuma disse é muito grave – o Tuma disse que o Lula era o agente-barba que dava informações pro seu pai quando ele dirigia o Dops, pro Romeu Tuma pai. Ele disse que havia no governo Lula uma fábrica de dossiês para assassinar reputações. Contou histórias muito interessantes sobre o caso Celso Daniel e sobre o Mensalão, mas ninguém desmentiu, ninguém foi à Justiça pedir a interdição do livro.

Eu aconselho que você vá à livraria, que você vai ver pilhas do livro sendo vendidas. No entanto, ele foi pressionado a primeira vez pra ir à Polícia Federal, chegou lá e não encontrou o delegado; foi a segunda, prestou esclarecimentos; foi a terceira, respondeu por escrito o que lhe foi perguntado; e agora é a quarta.

Ele narra que chegou ao delegado e lhe disse: “Bote papel na máquina e escreva aí: você está cometendo comigo um abuso, não há inquérito, não há porquê mandar me buscar coercitivamente para eu vir depor.” O delegado escreveu isso, não lhe perguntou nada e ele voltou pra casa.

Isso é claramente uma tentativa de chantagem de véspera de eleição. E é um absurdo que a Polícia Federal esteja sendo usada para isto. A Polícia Federal é um órgão do Estado, não é um órgão do governo Dilma, nem muito menos do Partido dos Trabalhadores em campanha eleitoral. O que está acontecendo com o delegado Romeu Tuma em relação ao seu livro é um atentado ao Estado Democrático de Direito que precisa ser denunciado.

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