Padre deveria fazer “pastoral dos Black Blocs”

  • Por Jovem Pan
  • 27/06/2014 12h20

Reinaldo, quer dizer que tem padre que deveria fazer a “pastoral dos black blocs”, como é isso?

Digo já, antes algumas informações. O Tribunal de Justiça de São Paulo decretou nesta quinta a prisão preventiva de Rafael Marques Lusvarghi, 29, e de Fábio Hideki Harano, 26, detidos na segunda-feira durante um dos protestos contra a Copa. São acusados de cinco crimes: associação criminosa, incitação da violência, resistência à prisão, desacato à autoridade e porte de artefato explosivo. A decisão é do juiz Sandro Rafael Barbosa Pacheco, que está de parabéns por ter a coragem de cumprir a lei. Sim, chegamos ao estágio, no Brasil, em que precisamos parabenizar quem cumpre a sua função.

Atenção. Um juiz não decreta uma prisão preventiva se os elementos apresentados pela polícia não forem bastante convincentes. Lusvarghi está no Centro de Detenção Provisória de Pinheiros, e Harano foi enviado ao presídio de Tremembé.

Houve um protesto contra as prisões na Avenida Paulista, em frente ao MASP, adivinhem quem estava lá. É um padre. Vocês se lembram daquele senhor que, certa feita, comprou um carro de luxo para um ex-menor da Febem, já homem feito? Sim, é aquele religioso muito pio que decidiu dar de presente, ninguém entendeu por quê ― ou fez que não entendeu ― uma “Pajero” para um rapagão e que denunciou, depois, que estaria sendo extorquido por ele.

Porque havia extorsão ou para que a extorsão? Ninguém sabe o porque. Sim, refiro-me a Júlio Lancelotti, que é pároco da igreja São Miguel Arcanjo, na Mooca, bem longe de onde estavam os manifestantes. Ele não era da Pastoral do Menor? Da Pastoral da Criança? Da Pastoral do Povo de Rua?

O que está fazendo no protesto? Não há criancinhas ali. Não há menores ali. Não há povo de rua ali. Lancelloti está, por acaso, se reinventando como membro da Pastoral da Baderna de Rua? Da Pastoral dos Black Blocs? Vai ser agora babá de mascarados? Referindo-se a um coronel, que não permitisse a realização de uma passeata sem que houvesse responsáveis pelo evento, Lancelotti afirmou: “Ele disse que não vai deixar acontecer a passeata se não tiver um líder, e isso é um prenúncio de que a polícia pode ser violenta com os manifestantes. Eu pedi, em nome da Arquidiocese, para que eles não usem a violência nem prendam inocentes”.

É uma fala acintosa e desrespeitosa com a polícia. Se não houver depredações nem desrespeito à lei ― que são atos violentos ―, ninguém vai apanhar. Caso contrário, sim! Júlio agora é juiz? É ele que determina a inocência? Como? Pediu em nome da Arquidiocese? Ele a está representando ali?

Vá rezar, padre Júlio!

Vá cuidar dos pobres, padre Júlio!

Vá cuidar dos necessitados, padre Júlio!

Vá se penitenciar, padre Júlio!

Vá pedir perdão a Deus por seus pecados, padre Júlio!

Depois do escândalo da Pajero, padre Júlio tinha saído um pouco do noticiário. Mas, agora, estamos em ano eleitoral. E ele sempre aparece nessas horas, agora na versão de líder da Pastoral dos Black Blocs.

 

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