As PMs do Brasil inteiro são uma bomba-relógio

  • Por Jovem Pan
  • 16/05/2014 11h27

Reinaldo, a greve da PM de Pernambuco acabou, depois de dois dias de caos. Mas por que você diz que as PMs continuam a ser uma bomba relógio país afora?

Antes de responder essa questão em particular, observo que a greve da Polícia Militar de Pernambuco era política sim, por quanto toda a paralisação do trabalho, especialmente servidores, têm essa característica. Mas era política também porque se sabe que o estado é a vitrine de Eduardo Campos, candidato do PSB à presidência da República.

Se a bagunça se instala por lá, como foi o caso, e se o Governo Federal, como é o caso, se vê obrigado a intervir com a Força Nacional de Segurança, é evidente que o ex-governador sai mal na fita. Afinal, aquela é a polícia militar que seu sucessor herdou. Certamente as lideranças grevistas farejaram que esse era um bom momento para aplicar uma espécie de chantagem.

Agora vamos ao ponto. As PMs do Brasil inteiro são uma bomba-relógio desde que foi apresentada a PEC 300, com a qual a então candidata à presidência, Dilma Rousseff, se comprometeu. E o que diz essa Proposta de Emenda Constitucional?

Que os salários dos policiais militares do Brasil inteiro serão igualados aos pagos no Distrito Federal, os mais altos do país. Um policial tem salário base na faixa de 4.200 reais.

A pressão a favor da equiparação começou em 2008, quando Lula editou uma Medida Provisória elevando bastante o salário da PM do DF. Atenção, na capital federal é a União que arca com os custos da Corporação. Fez-se então uma grande solenidade num estádio de futebol com Lula falando pelos cotovelos, na buliçosa presencia do então governador, ninguém menos do que José Roberto Arruda. Sim, aquele do saco de dinheiro. Pouco tempo depois ele cairia em desgraça.

O gesto demagógico cria uma pressão estados afora. Surge então a PEC 300, como boa parte dos estados quebraria, deu-se um jeito. O texto estabelece, caso o estado não consiga arcar com a equiparação dos salários, a União o fará.

Reitero, a campanha eleitoral de Dilma em 2010 acusou o tucano José Serra de não se comprometer com a sua aprovação. De olho nas contas, Serra não se comprometeu mesmo. Ficou subentendido que Dilma, se eleita, lutaria pela PEC 300. Até Michel Temer, seu vice, entrou na parada, recebendo lideranças dos policiais.

Uma vez eleita, Dilma deixou o assunto pra lá. Como se sabe, os candidatos sempre realizam obras com mais facilidade do que quando se elegem. No primeiro caso, precisa apenas de saliva, no segundo, de competência.

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