A professora Angela e o bully Donald

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 20/03/2017 13h33
TRU87 WASHINGTON (ESTADOS UNIDOS), 17/03/2017.- El presidente de EE.UU., Donald J. Trump (d), y la canciller alemana, Angela Merkel (i), durante una rueda de prensa conjunta tras su reunión en la Sala Este de la Casa Blanca en Washington, Estados Unidos, hoy 17 de marzo de 2017. EFE/Clemens Bilan EFE/Clemens Bilan Angela Merkel é recebida por Donald Trump em Washington

Estou com pena da professora, a dona Angela. Ela tentou explicar as coisas na sexta-feira para o maior bully na sua sala de aula, o Donald, e não adiantou nada.

Imagine, ela foi na casa dele e o garoto estava amuado. Não apertou a mão no começo do papo e a alfinetou com sarcasmo barato e piada idiota sobre grampeamento. Ainda bem que a professora manteve a compostura e não puxou a orelha do bully em público. Ele ficaria ainda transloucado.

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Este menino é terrível. Ele cria caso com todo mundo. Quase todo mundo. Parece que ele tratou bem no telefone um senhor bem apessoado, bem penteado que se chama Michel. Este senhor é de um lugar chamado América Latina, que fica além do muro que o Donald quer construir.

Mas a psicóloga da escola ainda fica incrédula com o bully. Suas brigas mais recentes foram com aqueles que deveriam ser seus melhores amiguinhos, até com o inglês cheio de pompa, embora seja basicamente um aristrocrata decadente.

Bem, ouvintes, chega de metáforas ginasianas. Na aula de geopolítica, é esta situação incompreensível do governo americano sob a gestão de Mr. Trump criando caso com aliados tradicionais dos EUA como a Austrália, Grã-Bretanha e a a Alemanha. Por default, Angela Merkel se tornou a líder do mundo livre, diante da abdicação deste papel pelos EUA.

Até em uma insossa reunião de ministros da Economia do G-20, no sábado, os americanos criaram caso para o documento não apregoar livre comércio e o acordo climático de Paris. Pelo visto, o slogan de Trump, America First, vai ter um upgrade para America Alone, America Sozinha.

Trump, o ignorante, não faz lição de casa. Pega de ouvido um monte de coisas que vê na televisão e sai tuitando por aí. No sábado, após o constrangedor encontro com Angela Merkel, ele tuitou bobagens sobre as relações dos EUA com a Alemanha, exigindo que o país pague mais pela defesa que recebe dos EUA. Houve várias explicações que a Otan, a aliança militar ocidental, é bem mais do que uma transação financeira.

De fato, como em várias instituições multilaterais, os EUA, o país mais rico e poderoso do mundo, têm um custo maior, mas é o preço para a preservação da estabilidade global e de contenção de ameaças. Esta ordem global sempre foi conveniente para os EUA no pós-guerra. O compromisso militar dos EUA no mundo não é um favor, mas um investimento nos seus próprios interesses. A Otan, sem dúvida, é um arranjo mutuamente benéfico para seus integrantes.

Ao criar caso com os principais aliados americanos, o bully Donald acaba fazendo o jogo daquele outro bully, o Vladimir, um que realmente dá muita dor de cabeça para a professora, a dona Angela.

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