Professora de filosofia transforma black blocs em tema de prova

  • Por Jovem Pan
  • 06/08/2014 12h03

Reinaldo, quer dizer que a professora de filosofia que é amiga dos black blocs resolveu transformar os mascarados em tema de sua prova na Universidade Estadual do Rio de Janeiro?

É isso mesmo, acredite se quiser. Um aluno de filosofia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) me manda um troço que é mesmo do balacobaco. Trata-se de uma espécie do símbolo do desastre intelectual que acomete os cursos da chamada área de “humanidades” das universidades brasileiras, especialmente das públicas. É claro que há pessoas pensando com seriedade nos corpos docente e discente instituições afora. É claro que há ilhas de excelência. Mas é evidente que essa não é a regra.

Lembram-se de Camila Jourdan, a tal professora de filosofia da UERJ que é, digamos, uma espécie de farol dos black blocs do Rio? É uma das que tiveram prisão preventiva decretada e depois revogada. Em sua casa, foram encontrados artefatos explosivos. Pelo visto, a doutora não acredita que a arma de uma intelectual seja uma caneta, ou um livro, ou um teclado. Estão preparados?

Ela aplica a seus alunos um teste de lógica totalmente pautado nos protestos de rua liderados pelos black blocs. Recorrendo a um suposto rigor técnico, induz os estudantes a livrar a cara dos manifestantes violentos, a responder às críticas que eles têm recebido da população e da imprensa e, na prática, eximi-los de qualquer crime. É um despropósito, no meu blog no site da Jovem Pan vocês encontram a tal prova.

Seria apenas folclórico não fosse um procedimento extremamente autoritário. Obviamente, a prova da doutora induz os alunos a desfazer supostas falácias lógicas que, na prática, endossam os preconceitos da professora. Ou seja: ela quer contestar as falácias com as quais não concorda empregando como instrumento aquelas com as quais concorda. Camila não está preparada para ensinar, mas para doutrinar. É ridículo. É patético.

Esse desastre não é de agora. De forma larvar, começou com as Marilenas Chauis lá da década de 80, quando a filosofia era mero pretexto para a pregação política. Nesta terça-feira, por exemplo, milhares de alunos, professores e funcionários da USP são reféns de uma suposta greve decretada por uma minoria de extremistas que só se criam no ambiente universitário. Com dinheiro público.

Eu olho cheio de vergonha para a “prova” que vai acima. O pressuposto do pensamento é ele ser livre. Nada impede a doutora Camila de pensar o que lhe der na telha, mas que renuncie, então, ao emprego público no Estado que ela não respeita, diz ser autoritário e expressão da violência de uma classe.

Hoje, meus caros, quase tudo está ao alcance das mãos. Pesquisem. Não se pratica esse tipo de proselitismo vagabundo em lugar nenhum do mundo. A universidade brasileira não é um dos reinos da ineficiência por acaso.

A propósito: quem não concorda com a pregação da “doutora” deve fazer o quê? Pedir uma prova alternativa? O mais nefasto nessa história não é Camila ser adepta de uma prática doidivanas, mas, na condição de “mestra”, conspurcar a própria teoria. É um desastre intelectual, sim, mas também é um desastre moral e ético.

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