Se o governo aplaude os terroristas de vermelho, como é que vai combater os “black blocs”?

  • Por Jovem Pan
  • 13/02/2014 14h05

Reinaldo, por que você diz que raramente o país viveu um dia tão interessante como ontem, quarta-feira?

Porque raramente aconteceram coisas tão contraditórias e tão reveladoras em tão pouco tempo. O dia raiou com a notícia da prisão de Caio Silva de Souza, que em companhia de Fábio Raposo matou o cinegrafista Santiago Andrade. Passava um pouco das oito da manhã quando, em entrevista ao vivo, que nos foi concedida aqui na Jovem Pan, o advogado Jonas Tadeu Nunes revelou que grupos e partidos políticos financiam alguns desses que estão nas ruas promovendo a desordem. Financiam, em suma, o que ele chamou de “terrorismo social”.

Poucas horas depois, militantes do MST promoveram um badernaço em Brasília. Tentaram invadir o Supremo Tribunal Federal, que teve de suspender sessão; derrubaram grades de proteção em frente ao Palácio do Planalto; entraram em confronto com policiais e militares do Distrito Federal com uma violência até então desconhecida em manifestações assim; e feriram trinta policiais, oito deles com gravidade. Ao mesmo tempo, no Senado, esquentava o debate sobre o projeto de lei número 499, que passa a definir e a punir o crime de terrorismo. Nossa Constituição considera esse crime inafiançável e não passível de anistia. Mas não existe uma lei para punir ações terroristas, o que é um absurdo. No blog, publico a íntegra do projeto. A proposta pune com até trinta anos de cadeia quem infunde terror na população ou ameaça a segurança coletiva, atentando contra serviços essenciais, como transporte público ou obras de infraestrutura. Já disse aqui na Jovem Pan por que o país não tem uma lei como essa, vigente nas melhores democracias. As esquerdas e o PT, em particular, nunca permitiram. Sempre temeram que uma lei assim, com essas características, acabasse tolhendo o arbítrio e a truculência de aliados seus, como MST, por exemplo. E não deu outra. Os petistas não querem aprovar o texto como está. Eles exigem que os movimentos sociais sejam excluídos do risco de punição. Ou seja, entenderam direito. O PT aceita, sim, ter uma lei de terror. Mas só se ela não alcançar os ditos movimentos sociais. Ora, um desses grupos ligados ao PT é justamente o MST, o Movimento Sem Terra, que invadiu Brasília nesta quarta-feira. Por onde essa gente passou promoveu caos e a desordem. Eles argumentaram com paus, pedras, porretes. O sangue correu na Praça dos Três Poderes, especialmente o sangue dos policiais militares. E o que fez o ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e homem encarregado de conversar com os movimentos sociais? Desceu para dialogar com os baderneiros. Pior, a presidente Dilma Rousseff prometeu receber as lideranças nesta quinta-feira. Atenção, ouvintes. Três dias depois da morte de Santiago Andrade, em razão da ação violenta de supostos manifestantes, a presidente decide levar para o Palácio interlocutores que não recorrem a substantivos, mas a paus; que não empregam adjetivos, mas pedras; que não formulam frases, usam porretes. Três dias depois da morte de Santiago Andrade, a presidente Dilma acolhe a violência. Pensemos um pouco, se os movimentos sociais ficam livres para ameaçar a segurança coletiva, como então punir esses que se dizem “black blocs”? É patético. Um dia depois de o governo federal prometer combater com severidade a violência nas ruas, Dilma aceita receber baderneiros em Palácio que se impõe na base da porrada. Se o governo aplaude os “red blocs”, terroristas de vermelho do MST, como é que vai combater terroristas de preto, os “black blocs”?

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