Avalanche, mas não tsunami, diz especialista sobre impacto dos protestos

  • Por Jovem Pan
  • 14/03/2016 10h08
Brasil, São Paulo, SP. 23/04/2009. José Álvaro Moisés, professor titular do Departamento de Ciência Política da USP. - Crédito:MÁRCIO FERNANDES/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/Codigo imagem:70815 MÁRCIO FERNANDES / Agência Estado José Álvaro Moisés

 Para o cientista político José Álvaro Moisés, é notável que as manifestações ocorridas no último domingo (13/03) foram muito maiores do que as realizadas em 2015 e 2013, passando um recado forte não só para o governo, mas para todos os partidos de que a política brasileira precisa mudar. Mas ainda assim, o especialista acredita que o impacto não será tão grande no executivo quanto o desejado pela população: “Eu diria que não foi um tsunami que devastou o governo, foi uma forte avalanche. A sinalização foi dada muito forte, mas não sei se o governo está pronto para entender”. Moisés acredita também que o Congresso deve ter uma definição maior sobre o processo de impeachment nos próximos dias ou semanas.

Sobre o PMDB, o especialista acredita que os sinais de separação do governo são claros e que os próprios membros do partido devem pressionar Eduardo Cunha para acelerar a votação do processo de impeachment na Câmara: “O PMDB deixou claro que está saltando fora do ônibus do governo. (…) Se prevalecer a perspectiva partidária, o partido pode interpelar para Cunha acelerar o processo. Há mudanças entre os senadores do PMDB, e o próprio presidente Renan Calheiros está introduzindo o debate, no meio desse turbilhão que se transformou a crise, da implementação de um sistema de semipresidencialismo no Brasil”.

Sobre uma possível renúncia de Dilma Rousseff, Moisés aponta que, apesar da presidente ter afirmado que não tem intenção de renunciar, nada é impossível na política: “Depende do grau de pressão e como o partido da presidente vai perceber o grau de pressão a que estão submetidos. Vão pensar em razões estratégicas, pensando nas eleições municipais e nas eleições de 2018. Às vezes fará mais sentido ela renunciar, do ponto de vista estratégico”. O cientista político afirma que, da mesma forma que fez na crise de 2015, quando Dilma Rousseff deu cargos para o PMDB e garantiu sua sobrevida política, o PT pode tentar se utilizar do poder para sobreviver, mas tudo indica que é um governo que está terminando.

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