Colega de partido, Eduardo Paes acredita que Cunha deveria ter se afastado antes

  • Por Jovem Pan
  • 05/05/2016 09h48
Rio de Janeiro - Coletiva de imprensa com o prefeito Eduardo Paes, para falar sobre o vazamento da conversa entre ele e o ex-presidente Lula (Tânia Rêgo/Agência Brasil) Tânia Rêgo/ Agência Brasil Eduardo Paes

 Em entrevista à Jovem Pan, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB-RJ), comentou a liminar de Teori Zavascki que decidiu pelo afastamento de seu correligionário Eduardo Cunha do mandato como deputado: “eu respeito as decisões da Justiça. Há um conjunto de denúncias contundentes em relação ao Cunha”, afirma.

Para Paes, o cojunto de denúncias contra presidente da Câmara pedia uma atitude dele próprio. “Acho que faltou a ele maturidade. Acho que a partir de grau de flagelação que se tem, ele devia ter a inciativa de ter se afastado da presidência há algum tempo”, diz. “Eu não vejo com tristeza nenhum processo que está acontecendo no Brasil. É ruim termos uma presidente sendo impichada, é ruim um presidente da Câmara nessa situação, mas é uma realidade. Os fatos levam a isso.”

Sobre o pedido de investigação da Procuradoria-geral da República, contra ele, Aécio Neves e Carlos Sampaio, Eduardo Paes nega ter atrasado a entrega de dados do Banco Rural para proteger Aécio: “A partir da delação de Delcídio, eu e Sampaio teríamos atrasado os dado para proteger o Aécio. Quem tem que responder é o Aécio. (…) Essa informação vem do Banco Central, para atrasar a entrega porque não estava conseguido entregar os dados”.

Paes, que foi relator da CPI dos Correios, afirma que, na época, não havia provas que incriminassem o ex-presidente Lula e seu filho no esquema de corrupção, mas que foi discutido um pedido de impeachment: “Não havia nenhuma prova, surgiram fatos posteriores em relação ao filho dele. Na época, não tenha dúvida, se fez de tudo para encontrar coisas do Lula e seu filho. Tínhamos desconfianças que parecem se confirmar com a Lava Jato. (…) Tive reunião com várias pessoas importantes do PSDB, como Fernando Henrique, Alckmin, Aécio, Serra, mas vimos que não havia provas para justificar um pedido de impeachment”.

O prefeito também comentou a ligação entre ele e Lula, divulgada após a condução coercitiva do ex-presidente, realizado no dia 4 de março: “Liguei para uma pessoa que foi presidente da república, que me ajudou como prefeito do Rio, foi muito correto com a cidade, com as Olímpiadas e outras conquistas. (…) A condução foi um tanto quanto cinematográfica. Me senti na obrigação de uma ligação privada e ser gentil com ele. Falei abobrinhas, piadas politicamente incorretas. (…)Eu estava em uma ligação privada, falei um monte de besteira. Quem nunca falou? E pedi desculpa”.

Por fim, sobre a queda da ciclovia em São Conrado que deixou dois mortos, Eduardo Paes afirma que quer responsabilizar o engenheiro responsável pelo projeto: “Em última instância, eu sou responsável por tudo o que ocorre na cidade. Mas sou prefeito e não um engenheiro calculista. (…) Vou até o fim dos tempos pelo engenheiro responsável por isso. Porque duas vidas se perderam”.

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