Dinheiro faz diferença? Confira as condições da melhor e da pior escola pública do país

  • Por Jovem Pan
  • 15/10/2015 12h27
Tânia Rêgo/Agência Brasil Escola

 No dia 15 de outubro é celebrado o Dia do Professor. Pensando na data a Jovem Pan foi tentar conhecer um pouco melhor a realidade dos docentes em duas cidades do país, uma que se destaca por ter os melhores indicadores educacionais do Brasil e a outra os piores resultados.

São 505 quilômetros que separam as cidades que possuem o melhor e o pior indicador de oportunidades educacionais do país, o Ioeb. Os dois municípios estão localizados na região Nordeste, no entanto, apenas um deles apresenta boas condições de aprendizado para os alunos. Isso está diretamente ligado à estrutura das escolas e às condições de trabalho oferecidas aos professores e funcionários.

Sobral, no Ceará, um município com pouco mais de 200 mil habitantes e que fica a 240 quilômetros distante da capital Fortaleza, é o que possui o melhor índice do Brasil. A professora Maria Isabel de Souza Morais, que trabalha em uma escola de Ensino Fundamental na cidade, conta como é a realidade dos docentes de lá: “As nossas escolas aqui do município de Sobral, todas tem uma estrutura padrão. Salsas amplas, inclusive algumas escolas tem salas climatizadas. Os professores de Sobral recebem um piso salarial e recebem um valor extra todo mês ligado ao desempenho. A meta é de 80% de alunos alfabetizados no primeiro ano. Se conseguirmos mais, aumenta o valor da gratificação”. A professora de Sobral relata que o salário médio do docente do Ensino Fundamental na cidade gira em torno de R$ 2.500,00 com a gratificação.

Já Conceição do Lago-Açu, no Maranhão, é um município com cerca de 10 mil habitantes, localizado a 365 quilômetros da capital São Luís, e que possui os piores indicadores do país. A professora Luana Marinho trabalha em uma escola de Educação Infantil na cidade e descreve uma realidade bastante diferente de Sobral: “Falta estrutura, as escolas são muito quentes e tem alguns alunos no 4º ano que ainda não sabem ler e escrever. Alguns professores tem dificuldade com isso. Eu tive um aluno, o mais rebelde da turma, que não queria aprender. Ele ia para a escola só por causa da merenda”. A professora de Conceição do Lago-Açu destaca que o salário médio dos docentes no município gira entre R$ 1.000,00 e R$ 2.000,00.

O presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação diz que vários aspectos precisam ser levados em conta antes de comparações. Aléssio Costa Lima ressalta que muitos municípios possuem apenas as verbas que são repassadas pelo governo federal para gerir toda a educação: “Como todos os recursos do Fundeb, com o advento do piso, estão indo para as folhas de pagamento, que antes era tinha uma reserva de 40% para a manutenção e o desenvolvimento, significa estão precarizando o funcionamento, as instalações e a manutenção das escolas e do sistema de ensino como um todo”.

A Coordenadora de Mobilização do Centro de Liderança Pública, responsável pelo Ioeb, diz que é possível melhorar a educação, mesmo durante a crise. Ana Marina de Castro afirma que o fato de um município ter mais recursos que o outro nem sempre faz com que o desempenho educacional seja melhor: “Mesmo em um momento de ajuste escolar, se a gente fizer o bê-á-bá da educação, investir na formação dos professores, investir em uma boa forma de eleição dos diretores dentro da escola, se esses diretores se preocuparem com a  capacitação dos professores e quiserem guardar o direito de aprender dos alunos, isso pode ser feito sem necessariamente aumentar os gastos”.

Entre os municípios com os melhores indicadores de oportunidades educacionais do Brasil, nenhum é capital de estado. São Paulo, que lidera o ranking das capitais, ficou atrás de 1.386 cidades do país, o que comprova que o dinheiro não é tudo quando o assunto é educação.

As informações são do repórter Anderson Costa.

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