Editorial: Que Chico Buarque e Caetano descansem em paz no túmulo da impostura, com Lula, Dilma, o PT e a corja toda

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 21/03/2016 16h54

Valor dos ingressos foi devolvido pelos organizadores com pedido de desculpas

Divulgação Polêmica! Chico Buarque proíbe diretor de usar suas músicas

Chico Buarque foi além do fundo do poço moral em que já se encontrava, defensor que é do PT. A vertente lírica de suas composições, quase sempre de alta qualidade, não se contamina com sua estupidez política. Já a sua arte engajada, sofrível desde sempre (a exemplo de toda estética tornada libelo político), sofre um golpe final. Que coisa! O cara escolheu morrer junto com Lula. Pois, então, que vá! A que me refiro?

Na noite deste sábado, um espetáculo intitulado “Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos” foi interrompido por fascistas de esquerda que estavam na plateia, inconformados com um caco introduzido em sua fala pelo ator e codiretor Cláudio Botelho. O evento grotesco se deu no Sesc Palladium, em Belo Horizonte.

O texto que indignou uma parte da plateia, que impediu a continuidade do espetáculo, foi este:
“Era a noite do último capítulo da novela das oito. Era também a noite em que um ladrão ex-presidente talvez tenha sido preso. Ou uma presidente ladra recebeu o impeachment?

Esse trecho do impeachment da presidente ladra não estava no original. Foi o que bastou para que petistas e esquerdistas genéricos da plateia começassem a gritar talvez a palavra de ordem mais canalha da história política do Brasil: “Não vai ter golpe”. Ora, é claro que não! O único que está tentando dar um golpe em Dilma é Lula.

Chico Buarque, acreditem vocês, disse que não mais vai autorizar a apresentação da peça. Como ele é petista e não concorda com a fala do ator, então proíbe que se usem suas músicas no espetáculo.

Que coisa! Há quase 48 anos, em 1968, cerca de cem trogloditas de um troço chamado Comando de Caça aos Comunistas invadiram o teatro Ruth Escobar, em São Paulo, e espancaram os atores que representavam a peça “Roda Viva”. Aproveitaram para depredar o teatro. O espetáculo havia se tornado um símbolo de resistência à ditadura militar. Pouco depois, seria decretado o AI-5, que instaurou uma tirania no país. O autor da peça: Chico Buarque.

Quase 50 anos depois, os amigos de Chico estão no poder. A exemplo do que aconteceu há 48 anos, uma horda impediu a continuidade do espetáculo. Do mesmo modo, o tema que está sendo encenado diz respeito ao cantor e compositor. Mas, desta feita, ele ajuda a promover a intolerância.

Não! Não pensem que era o teatro inteiro que queria impedir o espetáculo. Parte substancial da plateia defendia a retomada, mas os fascistas de esquerda não deixaram. Repetiam, assim, com sinal invertido o que fez o Comando de Caça aos Comunistas em 1968. Agora é hora do Comando de Caça aos Democratas — que passa a ser liderado por Chico Buarque.

Pode piorar
Não pensem que a coisa parou por aí. No camarim, Botelho discutiu o ocorrido com a atriz Soraya Ravenle. E ele então diz: “São neofascistas, são petistas, são o que há de pior no Brasil. Essa gente chega e peita um ator que está em cena. Um ator que está em cena é um rei. Não pode ser peitado. Não pode ser peitado por nego, por um filho da puta que está na plateia, não pode ser peitado… Eu estava fazendo uma ficção”. A íntegra está aqui.

Não se sabe quem gravou o desabafo. O fato é que foi parar na Internet, pelas mãos da “Mídia Ninja”, aquela turma que não costuma ser menos fascistoide do que os que impediram o espetáculo.

O som é claro. Botelho diz “nego” como se emprega habitualmente Brasil afora, como sinônimo de “sujeito”, “cara”, “indivíduo” — há a variante “neguinho”. Inexiste conotação racista, remota que seja. Aliás, essa é a primeira acepção da palavra no dicionário Houaiss: “pessoa indeterminada; gente, indivíduo, neguinho”.

Pois a Mídia Ninja, de forma criminosa, divulga por aí o áudio com o título: “Cláudio Botelho Racista”. É uma gente também asquerosa.

Você acham que os petistas teriam protestado se o caco criticasse Sarney, Collor, FHC ou Aécio? É claro que não! Talvez aplaudissem. E os não petistas certamente nada diriam.

Botelho está certo: interromper um espetáculo porque se discorda daquilo que está sendo dito no palco é coisa de fascistoides, que, desta feita, contam com o apoio de Chico Buarque. E que se note, hein: isso tudo aconteceu no sábado, quando aquelas barbaridades todas ditas por Lula ao telefone já tinham vindo a público.

Num dia, Caetano compara uma manifestação em favor dos valores democráticos com uma marcha de 1964 que cobrava golpe militar. No outro, Chico, agora no papel de algoz, resolve pôr fim ao espetáculo para punir um ator e diretor por sua opinião.

Como se nota, não é que, no passado, eles fossem contra a ditadura. Eles eram contra aquela ditadura.

Que descansem em paz no túmulo da impostura, junto com Lula, Dilma, o PT e a corja toda.

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