Editorial – Se Moro não esmagou Lula no tribunal, PT venceu outra de goleada!

  • Por Reinaldo Azevedo/ Jovem Pan
  • 10/05/2017 14h17
Jovem Pan Lula x Moro - montagem limpa

Nada se sabe ainda do depoimento de Lula a Sérgio Moro. Não demora, estará disponível, naquele ângulo conhecido, com, digamos, direção de imagem idem. A câmera fica o tempo inteiro no depoente, e apenas se ouve a voz de Deus a fazer perguntas. Às vezes, há das divindades de segunda grandeza, os procuradores. E até os advogados de defesa falam. Para, invariavelmente, levar um pito de Moro. Em seguida, os hagiógrafos que pertencem, por ideologia ou oportunismo, à Igreja Morista dos Santos dos Últimos Dias de Paupéria começam a espalhar na imprensa e nas redes sociais: “Defesa de Lula tenta irritar Moro”; “Advogados de Lula provocam Moro”… Logo se vai escrever: “Defensores de Lula ousam erguer os olhos diante de Moro”…

Como? Isso é texto de petista? Não! Isso é texto de quem tem vergonha na cara.

Os petistas conseguiram fechar a minha revista. Dois “ministros” da área de comunicação social pediram minha cabeça para patrões. Fui e sou um dos alvos principais dos blogs sujos, financiados pelo PT — e, até outro dia, por dinheiro das estatais. Fui testemunha de defesa de vários jornalistas e colunistas perseguidos pela “máquina”. Alguns vigaristas que hoje me atacam pela direita lucravam o seu com o petismo, numa boa. Rodrigo Janot é o melhor exemplo de que, cedo ou tarde, a vida como ela é vem à tona. Se alguns por aí não se envergonharem em vida, bem, seus filhos terão de dizer o contrário de Lupicínio: “A falta de vergonha é a herança maior que meu pai me deixou”. Volto ao ponto.

Volto ao ponto

Eu não queria que o PT tivesse chegado ao poder. Eu já os chamava de “petralhas” antes da vitória de 2002. Uma vez lá, travei a luta, sempre no campo da democracia, para revelar a sua real natureza. E lastimo hoje que mesmo forças então virtuosas que concorreram para a queda de Dilma — que se deu segundo os rigores da lei — estejam criando as precondições para a volta da esquerda ao poder, com ou sem Lula. Perderam-se. Alguns por convicção. Outros, por falta delas. E há os que não resistiram ao encanto do vil metal. É bom viver bem. Falta a certos tipos a descoberta de que, com dinheiro ganho honestamente, é ainda melhor.

Sim, desde que Moro marcou, no dia 4 de fevereiro, o depoimento de Lula — inicialmente para o dia 3 —, os petistas anunciaram que iriam a Curitiba. Os lava-jatistas e antipetistas não fizeram por menos. E se anunciou, então, o que seria um confronto de, digamos, “movimentos sociais”: haveria os de vermelho e os de verde e amarelo.

Ocorre que os primeiros compareceram ao encontro; os outros não. Eram muitos milhares os “companheiros” presentes — boa parte deve ser ligada a sinecuras de caráter sindical. Mas os de verde e amarelo, exibindo um Pixuleco, eram, no máximo, 200. Sim, muitos antipetistas têm o vício do trabalho, sabem como é… Não têm choque anafilático diante de uma carteira ou de um contrato de trabalho. É evidente, no entanto, que já existem coxinhas profissionais — e profissionalizados — e também direitistas desocupados para fazer algo melhor do que aquilo.

Aliás, vamos convir: ou Moro realmente tem um domínio fabuloso sobre a massa e, com aquele seu vídeo bisonho, desestimulou a Marcha dos Coxinhas, ou a sua iniciativa se tinge ainda mais de ridículo porque ele estava fazendo uma advertência sobre uma ameaça que não havia.

Mais uma vez, para a desgraça do Brasil e dos brasileiros, a direita e os conservadores evidenciam que só existem no Facebook, que são uma realidade virtual, que se constituem em viciados em “curtidas”, em “retiradas de curtida”, em dar ou levar “block”.

É um mundo estranho porque essencialmente ágrafo. É uma forma pós-tecnológica de apedeutismo, aquele mesmo cultivado por Luiz Inácio Lula da Silva, porém ao vivo e em cores. Com gente real. Infelizmente!

E nós sabemos que não Moro não desmobilizou o que mobilizado não estava. Essas coisas demandam planejamento, logística. As esquerdas demonstram que começam a recuperar a dianteira na guerra pela influência. Ao sair do carro rumo ao tribunal, cercado por uma massa compacta, Lula foi chamado de “ladrão” por pessoas que estavam à janela de um prédio próximo. Os petistas responderam algo como “Lula guerreiro, ladrão do coração do povo brasileiro”.

Enquanto isso, a direita xucra tenta derrubar Gilmar Mendes, de quem eu seria, claro!, porta-voz. Bem, ainda que fosse, seria um trabalho gratuito. Vergonhoso é portar a soldo, sem avisar o público, a voz de alguém.

Eis aí. Esquerda e direita prometeram disputar as ruas de Curitiba para demonstrar com quem está o povo. A direita não compareceu. Àquela hora, deveria estar odiando alguém nas redes sociais ou pregando a eliminação física de algum adversário — antes de dar ração ao gatinho e mamadeira ao bebê.

Pobre daqueles que se fiarem nos valentões de Facebook. Esses crentes ainda não conheceram a covardia em estado puro.

Encerro

A menos que o juiz tenha esmagado o depoente ou, sei lá, vencido o embate verbal ainda que por pontos, resta evidente quem venceu a batalha desta quarta-feira. Seu nome: Luiz Inácio Lula da Silva.

Adiante, direita xucra! Eu adoraria ter estado errado esse tempo todo, mas estava certo, não é? A cada dia mais certo. Isso é péssimo para o Brasil e para os brasileiros, o que me inclui.

Mas não posso negar o prazer intelectual de ter percebido e perceber a natureza do jogo.

Ah, sim: será que Lula vai ser preso amanhã?

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