Especialistas criticam aprovação da “pílula do câncer” por políticos

  • Por Jovem Pan
  • 24/03/2016 12h32
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 Especialistas apontam que a política brasileira atropela a ciência ao autorizar pacientes a usarem a “pílula do câncer” no combate a doença. No entanto, ainda há um meio da afirmação ser barrada, que é através do veto presidencial.

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, Gustavo Santos Fernandes, não há dados seguros que afiance a permissão da fabricação, distribuição e uso da fosfoetanolamina, como prevê o projeto de lei aprovado pela Câmara e referendado pelo Senado. Fernandes ressalta que a discussão sobre a segurança dos pacientes com câncer encontra ainda outro obstáculo na crise política: “O momento é o pior possível, todo mundo querendo dar uma boa notícia, mas como não tem nenhuma boa notícia real para dar, eles vieram com essa legislação a cerca de coisas que eles não entendem e que está protelando o sistema nacional de verificação e validação. A presidente, se ela quiser ser simpática à opinião pública em um momento de dificuldade, não é fazendo mais uma bobagem, como os senadores e deputados fizeram”.

Para piorar, os primeiros testes com a substância mostraram baixo potencial contra o tumor, o que só confirma a suspeita dos especialistas. Segundo o oncologista Fernando Maluf, pacientes que procuraram pelo tratamento mesmo sem o seu aval não apresentaram melhora no quadro: “Eu não vi nos meus pacientes, e deve ter mais de 40 ou 50 que usaram, nenhum tipo de resposta. O fato é que aqueles sofisma de que ‘não sei se faz bem, mas mal não faz’, não é necessariamente verdadeiro. Como qualquer outro remédio eventualmente pode ter efeitos colaterais e pode antagonizar com outras drogas que podem ser interessantes na batalha contra o câncer”.

O projeto de lei que libera a pílula do câncer não tem prazo para ser sancionado ou vetado pela presidente.

Informações: Carolina Ercolin

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