Estoque do suco de laranja tem queda significativa em 2015, diz presidente da Associtrus

  • Por Mariana Grilli/Jovem Pan
  • 16/01/2016 10h29
CÉLIO MESSIAS/ESTADÃO CONTEÚDO/AE Foto de carga de laranja Colheita de laranja na região de Taquaritinga, no interior do estado de São Paulo

O Brasil é responsável por 60% da produção mundial de suco de laranja, sendo também o campeão de exportações do produto para todo o mundo, contando majoritariamente com a importação dos Estados Unidos. Já a maior concentração de produtividade da fruta está no Cinturão Citrícola, que abrange o interior de São Paulo e o Triângulo Mineiro.

As vendas no mercado paulista de laranja in natura começaram um pouco mais aquecidas nesta primeira quinzena do ano. Entretanto, de acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), não há sinal de maior demanda, pois o aumento das vendas é apenas reflexo da necessidade de reabastecimento das unidades varejistas.

Esta carência de depósito é uma decorrência da queda de estoques que o presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), Flávio de Carvalho, afirma ser significativa: “O ideal seria um estoque de 550 mil toneladas e hoje estamos abaixo das 300 mil toneladas. Isso é menor que o mínimo necessário para fazer frente à entressafra”.

A  Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR) afirma que a estimativa dos estoques do suco de laranja é feita Associação, por meio de suas empresas associadas. No entanto, esse levantamento ainda não foi realizado oficialmente e deve ser divulgado de forma concreta em fevereiro. Por isso, os números citados pelo presidente da Associtrus, Flávio de Carvalho, deve ser compreendido como uma estimativa.

O que preocupa o presidente da Associtrus é que o mercado também não tem concorrência, o que dificulta o acirramento de preços. “Três empresas controlam o mercado de sucos de laranja: Cutrale, CitroSuco e Dreyfrus. Tendo o controle de poder, os preços ficam estáveis e não é possível fomentar mais venda e produtividade”, declara Flávio de Carvalho.

A suspeita de cartel entre Cutrale, CitroSuco e Dreyfrus foi encaminhada para investigação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), mas, segundo o Conselho, o processo envolvendo as três empresas está suspenso por decisão judicial – deferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em julho de 2015.

Em relação à centralização de poder das três empresas, a CitrusBR defende que, “embora as associadas à CitrusBR sejam as principais do setor, existe mais uma série de empresas que atuam na compra e processamento da laranja e, portanto, concorrem pela fruta produzida”, alguns exemplos são as empresas Brasil Citrus, Xando, Citric, Jacobs Citrus, Alfa Citrus, Citricola Lucato, entre outras. 

O presidente da Associtrus ainda explica que 80% das laranjas produzidas em território brasileiro viram suco e, deste suco, mais de 90% é exportado, por isso o produto é tão caro internamente. “O custo do suco é de R$ 0,70 o litro do produtor à fábrica. Mas, no fim, o suco reverte ao produtor por R$ 7,00. Apenas 10% é preço de custo, o resto é taxa dos mercados, imposto e outras atribuições”, encerra Flávio de Carvalho.

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