Após golpe, relação entre EUA e Turquia sofre com abalos

  • Por Jovem Pan
  • 26/08/2016 10h34
EFE Turquia

A chegada do vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ocorreu um dia antes do anúncio de avanço de tropas turcas sobre o território da Síria.

Os dois atos estão intimamente ligados e, embora possam ser anunciados no cenário internacional como mais uma ofensiva de combate ao Estado Islâmico, na prática, eles parecem trazer mais preocupações do que soluções para os dois países.

Depois que o presidente turco Recep Tayyip Erdogan sofreu uma tentativa de golpe, em julho deste ano, as relações entre turcos e norte americanos ficaram abaladas.

De um lado, o governo turco acusa os Estados Unidos de patrocinarem o golpe. De outro, o presidente Erdogan mantém a animosidade contra a população curda que vive no norte da Síria.

E são estes curdos os reais parceiros dos Estados unidos no combate aos extremistas. Esta semana, ao chegar à Turquia, Joe Biden declarou que os americanos apoiam sim os curdos sírios nos ataques ao Estado Islâmico. Porém, o vice-presidente americano afirmou também que estes curdos não terão o suporte dos Estados Unidos se quiserem avançar sobre o territorio turco.

A frase de Joe Biden foi considerada como o sinal que faltava para que o presidente da Turquia enviasse tanques e exército sobre o território sírio.

Correspondente turco atuando no Brasil, Kamil Argen explicou que o desejo de avanço sobre a Síria acompanha Erdogan há algum tempo, mas somente com o estado de exceção que a Turquia vive agora isso se tornou possível.

A animosidade turca com os curdos do norte da Síria ocorre porque estes são aliados dos curdos que vivem na Turquia.

No território turco, os curdos estão ligados ao PKK, que é o partido dos trabalhadores, que forma uma oposição ao regime de Erdogan, já reivindicam a independência da área ocupada por eles na Turquia.

Portanto, tudo que os turcos não querem é essa independência, que vinha recebendo força justamente na fronteira da Síria com a Turquia.

Assim sendo, o anúncio de entrada da Turquia na Síria, ao invés de parecer um reforço para combater o terrorismo, pode ser lido como mais uma guerra dentro da Síria, que há cinco anos já enfrenta seus proprios conflitos internos.

*Informações da repórter Hellen Braun

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