Crise humanitária faz crescer fluxo de venezuelanos nas fronteiras com Brasil e Colômbia

  • Por Jovem Pan
  • 14/02/2018 07h55 - Atualizado em 14/02/2018 09h27
EFE Segundo a Organização Internacional de Migrações, por mês, cerca de 40 mil pessoas estão deixando a Venezuela em direção às fronteiras do país com o Brasil e a Colômbia

A imigração venezuelana atingiu números semelhantes aos do fluxo mensal de refugiados que cruzaram o mar Mediterrâneo no auge da crise na Europa, em 2015.

Segundo a Organização Internacional de Migrações, por mês, cerca de 40 mil pessoas estão deixando a Venezuela em direção às fronteiras do país com o Brasil e a Colômbia.

Esse fluxo de venezuelanos tem sido gerado pela crise humanitária que atinge o país sul-americano.

De acordo com relatório divulgado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos, em 2016, oitenta e um por cento das famílias da Venezuela estavam em condições de pobreza.

O documento indica que a corrupção e a ingerência entre os Poderes do país são as principais causas da crise, que já leva grande parte das crianças venezuelanas para um quadro de desnutrição.

Tomaz Paoliello, professor do departamento de Relações Internacionais da PUC de SP, destacou que o conflito entre as instituições demonstra o processo de “desdemocratização” que ocorre na Venezuela: “a crise humanitária e política são de duas naturezas, mas que se retroalimentam. A falta de capacidade do Governo de operar por conta de oposição acirrada é processo continuo. Mas não creio que solução política possa rapidamente resolver a crise humanitária”.

Tomaz alertou para a falta de informações seguras sobre a real situação da Venezuela e a atuação ostensiva do governo de Nicolás Maduro e da oposição contra a imprensa.

De acordo com o OEA, as leis promulgadas pelo Assembleia Constituinte no fim do ano passado se transformaram em uma lista de restrições à liberdade de expressão e fizeram com que todos os venezuelanos tenham medo de serem presos.

Para a pesquisadora Carolina Pedroso, do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais da Unesp, a população venezuelana não deve contar com mudanças no curto prazo: “a gravidade da crise é tão profunda que é muito difícil acreditar que mudança de governo possa trazer imediatamente benefícios para a população”.

A pesquisadora Carolina Pedroso pontuou também que, apesar de estar no controle das instituições, Nicolás Maduro terá dificuldades nas eleições presidenciais em abril.

Nesta semana, o procurador-geral da República da Venezuela, Tarek William Saab, denunciou o que ele chamou de planos da Colômbia para atacar e invadir o país.

No Brasil, o governo de Michel Temer vai reforçar o controle do Exército na fronteira com a Venezuela.

Um censo está sendo preparado para estimar quantos refugiados entraram no país por Roraima.

*Informações do repórter Matheus Meirelles

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