Depois de publicar charge que envolve policiais, jornal do ES sofre ações em série

  • Por Jovem Pan
  • 24/03/2017 09h32
Reprodução Depois de publicar charge que envolve policiais

O jornal “A Gazeta”, de Vitória, sofre uma série de ações movidas por policiais militares que pedem indenização por danos morais em função de uma charge publicada durante o carnaval.

A tirinha de autoria do chargista Amarildo retrata o encontro de um homem vestido de “bandido” e outro de policial. Diante da surpresa de ambos, o primeiro pede calma e avisa que é um PM fantasiado de ladrão. O segundo então responde que é um marginal travestido de policial e anuncia um assalto.

Naquele contexto, vale lembrar que a PM do Espírito Santo estava aquartelada, em um movimento de familiares que durou quase o mês de fevereiro inteiro.

O jornal e o chargista foram alvos de cinco ações civis por danos morais que pedem a retirada de circulação da charge e indenização em dinheiro. Em quatro delas, o texto é idêntico. O que causou estranheza e sugere uma ação orquestrada.

Segundo o macro editor de Cidades da Gazeta, Gerado Nascimento, o periódico ainda teve acesso a mensagens de WhatsApp e redes sociais. Todas incitavam policiais militares a entrarem com ações semelhantes na Justiça.

O diretor da Associação de Cabos e Soldados da PM e Bombeiros do Espírito Santo admitiu que a charge afronta uma categoria já sucateada e que dá suporte jurídico para quem se sentiu atingido pela tirinha.

Mas o Cabo Lira negou que haja, ao menos por parte da entidade, uma orientação para intimidar o jornal.

Além de incitar policiais a acionar a Justiça por meio de ações individuais, a mensagem traz um e-mail e um número de telefone de contato para quem se interessar em processar o jornal.

De acordo com o presidente da OAB do Espirito Santo, Homero Mafra, a Corregedoria da Ordem já abriu um procedimento para apurar eventual captação irregular de clientes por parte de advogados.

Em nota, as associações nacionais que representam as emissoras de rádio e TV, revistas e jornais lembram que recorrer à Justiça é um direito constitucional assegurado a todos. Mas a ação coordenada contra determinada publicação jornalística pode ganhar contornos de assédio judicial

Caso semelhante aconteceu, recentemente com repórteres da Gazeta do Povo, quando as ações de juízes e promotores movidas contra jornalistas do Paraná somaram processos em dezenas de cidades.

Confira a reportagem completa de Carolina Ercolin:

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