Duas horas no trânsito de SP equivalem a fumar um cigarro, aponta laboratório da USP

Oswaldo Corneti/Fotos Públicas Covid-19: Rodízio reduz trânsito em São Paulo

O ar seco, que incomoda o paulistano durante o inverno, agrava um dado que vive à espreita. Se você roda pela metrópole e grande São Paulo, já virou um fumante passivo faz tempo.

“A cada duas horas no trânsito você fuma o equivalente a um cigarro”. A constatação é feita com base nas autópsias realizadas na Faculdade de Medicina.

Segundo o coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP, Paulo Saldiva, a mancha escura no pulmão do paulistano pode ser agravada por muitos fatores. O principal é o trânsito.

Os índices de poluição em São Paulo em 2016 são duas vezes superiores ao teto estabelecido pela Organização Mundial da Saúde para considerar a qualidade do ar aceitável.

Mas os dados já foram piores há dez anos, quando a cidade tinha mais indústrias e o setor automotivo ainda não dispunha de tecnologia para inibir a emissão de poluentes. Então “embora a concentração tenha caído, o tempo que a gente permanece nas ruas vem aumentando”.

Junta-se à isso, as condições climáticas típicas da estação. Faz cinco dias que não chove em São Paulo. Na verdade, choveu no começo de agosto, depois de 50 dias de seca. O maior período sem chuvas significativas dos últimos 22 anos. Tudo isso para dizer que está difícil respirar.

E nessa secura toda, o nosso corpo perde até 1,5 litro de água por dia só no mecanismo da respiração. Fora o que já precisamos normalmente.

Isso leva ao agravamento de doenças cardiovasculares porque o sangue também fica mais espesso. É tão sério que, ao longo dos anos, o risco de um infarto ou de um câncer de pulmão aumenta cerca de 40%. Segundo o Dr. Saldiva, crianças e idosos nem sempre sentem sede e devem ser incentivados a beber água com frequência.

*Informações da repórter Carolina Ercolin