Ex-ministro vê três cenários para a Reforma da Previdência

  • Por Jovem Pan
  • 02/12/2017 14h11 - Atualizado em 02/12/2017 14h17
SEBASTIÃO MOREIRA/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/Codigo imagem:62718 Ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega "Os números do PIB  mostram que 2017 pode fechar bem melhor do que se imaginava pelas circunstâncias", diz Maílson da Nóbrega

Em entrevista exclusiva a Denise Campos de Toledo no Jornal da Manhã deste sábado (02), o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega avaliou o cenário econômico do Brasil no final de 2017, com a divulgação de bons indicadores, e as expectativas para 2018, seja pela possível votação da Reforma da Previdência (que Michel Temer tenta viabilizar ainda para este ano), seja pelas eleições presidenciais, que podem levar confiança ou temor ao mercado.

Ouça:

O ex-ministro avalia que, embora os números fiscais mais recentes gerem apreensão, “tudo indica que o governo vai cumprir a meta de superávit” em 2018. “Os números da economia no geral estão vindo melhor que as expectativas”, disse.

“Os números do PIB  mostram que 2017 pode fechar bem melhor do que se imaginava pelas circunstâncias”, afirma Nóbrega, ainda que classifique o crescimento de cerca de um por cento como “medíocre”.

“Mas (o PIB do mais recente trimestre) foi um bom resultado para a economia”, entende o economista, destacando a recuperação do consumo e do investimento. “O consumo das famílias está se recuperando”, destacou. “Havia 15 trimestres de resultado negativo no investimento, agora veio um ponto positivo”.

“Todo mundo vai rever sua expectativa e encaminhar a expectativa de crescimento do PIB para 2017 para cerca de 1%”, espera Nóbrega. Com isso, ele espera que “a base de crescimento para 2018” seja mais alta e prevê uma alta de cerca de 3%.

Locomotiva e Reforma da Previdência

Usando ilustração de outro economista, Nóbrega diz que “O Brasil caminhava para a crise fiscal como uma locomotiva sem controle em direção a um rochedo”.

“As reformas do governo Temer diminuíram a locomotiva, mas não estabeleceram a parada”, avalia.

O ex-ministro do governo de José Sarney sugere que seja revista a vinculação obrigatória de recursos para a Educação e a Saúde e chama o mecanismo de “uma forma primitiva de estabelecer prioridades”.

E propõe também, adentrando no tema da Reforma da Previdência: “temos de enfrentar seriamente os privilégios de grande parte das carreiras do setor público, particularmente no Judiciário e no Legislativo”, disse. “No Brasil cada um dos membros desses poderes se aposenta com salário de R$ 28 mil mais os penduricalhos, enquanto o cidadão comum ganha em média R$ 1.200”, comparou.

Três cenários

Nóbrega desenha três cenários para a tramitação da Reforma da Previdência:

“A primeira situação é o governo conseguir aprovar uma reforma modesta”. Isso, em sua visão, ajudaria a aumentar muito as expectativas, a bolsa de valores e a confiança do mercado. O dólar cairia e a confiança seria ampliada.

No segundo cenário, a reforma da previdência não é votada, mas se “mantém a expectativa de que um dia vai votar”. Essa condição “pode diminuir a classificação de risco do Brasil, mas nada muito desastroso”, projeta.

Já no terceiro cenário, o governo Temer tenta votar as mudanças nas regras da aposentadoria e é derrotado. “Esse resultado é muito negativo. Mostraria que classe política não está comprometida (com o ajuste das contas), gerando  pessimismo rápido e mais profundo que poderia afetar o processo de recuperação (econômica) em curso”, ponderou. Com uma valorização forte do dólar, pressão inflacionária e Banco Central impedido de cortar mais os juros, a confiança do consumidor seria afetada e “a recuperação em marcha seria desacelerada e até interrompida”, atemoriza-se o ex-ministro.

Ele ressalva, no entanto: “Dificilmente o presidente e os ministros porão a matéria em votação se não houver uma razoável confiança de que existe o mínimo de 308 para aprovar a versão que for da Reforma da Previdência”.

2018 

Nóbrega entende que a eleição de um novo presidente “populista” pode ser muito ruim para o cenário econômico.

“Se houver a probabilidade de eleição de um populista, como alguém do PT ou (Jair) Bolsonaro, é muito grave”, disse. “Vão se esvanecer as expectativas minimamente razoáveis de que o Brasil vai enfrentar os seus graves desequilíbrios macroeconômicos, especialmente no campo fiscal”, afirmou.

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