Grande parte dos brasileiros não sabem a causa da pneumonia

  • Por Jovem Pan
  • 29/04/2016 16h28
USP Imagens Cigarro

 Cerca de 40% dos brasileiros não sabem que já existe uma vacina contra pneumonia, a terceira maior causa de morte do mundo. Uma pesquisa inédita encomendada pela Sociedade Brasileira de Pneumologia aponta que a população atribui a doença mais a descuidos e vícios como fumar, sair sem blusa de casa, pegar chuva ou friagem do que a uma bactéria ou um vírus, que são as reais causas.

E a desinformação dificulta, especialmente, o entendimento sobre prevenção, como esclarece o coordenador da entidade, Dr. Mauro Gomes: “As vacinas são tratamentos relativamente mais novos e o próprio desconhecimento da população com relação ao que é a pneumonia, um entendimento de que é causada pelo frio, sereno, por tomar gelado, isso dificulta o conceito. Mas é uma infecção causada por uma bactéria no interior do pulmão”.

O estudo realizado em sete capitais ainda revela que a população mais vulnerável à pneumonia tem mais de 50 anos. Se levarmos em conta a taxa de envelhecimento das próximas décadas, quando teremos mais idosos do que crianças no país, o dado pode ser visto como um indício perigoso, já que mata mais de um milhão e meio de pessoas por ano. Em muitos casos, incapacita os pacientes, além de trazer perdas financeiras e emocionais.

As duas vacinas que, juntas, protegem de maneira eficiente o organismo contra a bactéria pneumococo não estão na rede pública, a não ser para casos específicos. Na rede privada, custam cerca de R$ 350.

Agregá-las ao calendário do SUS é quase inviável, admite a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações Isabela Balalai: “Para poder vacinar o Brasil inteiro, o Brasil teria que produzir milhões de doses e produzir vacina não é fácil. O problema não é dinheiro, orçamento, é estrutura”.

E segundo Balalai, há uma relação explícita e importante entre o aumento de casos de H1N1 e os de pneumonia que precisa ser observado no Brasil: “O influenza prepara o organismo para o pneumococo invadir. Abre as portas do organismo para os pneumococos. O que podemos ter esse ano não é um risco maior porque o vírus está mais grave, vamos ter mais pneumonia porque temos mais casos de gripe”.

O escritor Pedro Bandeira, que quase morreu de pneumonia na década de 90, gosta de dizer que seu legado poderia ter se resumido à A Droga da Obediência, um dos seus livros mais conhecidos, não fosse um diagnóstico rápido da doença por uma amigo médico. Adepto e defensor da vacina, o jornalista diz acreditar mais na ciência do que em crenças populares: “Eu sou muito cientificista, sou muito a favor da ciência. A ciência sabe que não sabe, sabe que continuamos sempre para encontrar as soluções que não temos ainda, mas é o único caminho. Superstição não é comigo”.

Em maio, a Sociedade Brasileira de pneumologia lançará uma campanha nacional de prevenção à doença. As ações acontecerão em nove cidades.

Reportagem: Carolina Ercolin

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