Marun diz que Governo não deve desistir de posse de Cristiane Brasil e questiona “retaliação”

  • Por Jovem Pan
  • 22/01/2018 08h45
Antonio Augusto/Câmara dos Deputados Antonio Augusto/Câmara dos Deputados "Será que isso não é retaliação ao fato de o Governo estar tendo coragem de pleitear que o Brasil modernize sua previdência? Sinceramente estranho um tanto”, especulou

Durante a madrugada, a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, suspendeu, em caráter provisório, a posse da deputada Cristiane Brasil (PTB) para o Ministério do Trabalho. Mais uma vez o Governo deverá tentar garantir que a filha de Roberto Jefferson, nome do Mensalão, sente na cadeira que está vaga há algumas semanas.

Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, defendeu que o Governo “não pode e não deve” desistir da posse. “Não pode e não deve. Não deve se dar ao luxo de fazer o que aparentemente é mais fácil. Governo vai lutar até que o bom senso se restabeleça e seja reconhecido o que está na Constituição, que a nomeação e exoneração de ministros é prerrogativa do presidente”, disse.

Para ele, os diversos impedimentos para a posse de Cristiane Brasil ao cargo no Ministério do Trabalho devem-se a uma retaliação ao avanço do Governo perante a reforma da Previdência.

“Aí você talvez pensa que sabe tudo e você pode ter revelado outro interesse. O corporativismo hoje reage de forma violenta à reforma da Previdência. Será que isso lá não é ato de ativismo judiciário e que busca atrapalhar a reforma? Será que isso não é retaliação ao fato de o Governo estar tendo coragem de pleitear que o Brasil modernize sua previdência? Sinceramente estranho um tanto”, especulou.

Evitando dizer o que a deputada teria de essencial para o cargo que faria o Governo não nomear outra pessoa, Marun desconversou e reiterou que “a prerrogativa do presidente está sendo ultrajada”.

“Existem momentos em que um Governo tem que estar à altura de defender suas prerrogativas. Entra no Google e lê a Constituição. Não se discute mais a ministra, mas a prerrogativa do presidente de nomear seus ministros. Presidente recebeu indicação do PTB. Governo entende que ela tem condições de ser boa ministra. Não cabe a juiz de primeira instância revogar”, defendeu.

Marun declarou ainda que o Governo está longe de perder esse caso na Justiça e que não se pode contrariar a Constituição. “Supremo não é Assembleia Constituinte, também deve se limitar ao que está na Constituição”.

Ao defender o nome da deputada, que possui ações trabalhistas contra ela, inclusive uma derrota, Marun questionou se existe algum empresário no País que não tenha ações contra ele ou sua empresa.

“Todos os empresários que perderam ações trabalhistas nesse País, que é a meca das ações trabalhistas, são amorais e não podem exercer função pública? Temos uma empresa que perdeu ação na justiça deve ser privada de fornecer obras ao Governo? Emissora se torna amoral de exercer a concessão? Isso se estabelece jurisprudência de consequências altamente nefastas. Não conheço um empregador brasileiro que não tenha perdido uma ação”, finalizou.

Confira a entrevista completa com o ministro Carlos Marun:

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