Ministro diz entender situação no RJ, mas faz ressalva: “papel das Forças Armadas não é esse”

  • Por Jovem Pan
  • 27/07/2017 08h54
Brasília - O ministro da Defesa, Raul Jungmann durante encontro com o presidente do Senado, Renan Calheiros (Marcelo Camargo/Agência Brasil) Marcelo Camargo/Agência Brasil Raul Jungmann

O ministro da Defesa, Raul Jungmann, tem reunião nesta quinta-feira (27) no Rio de Janeiro para discutir o Plano Nacional de Segurança no Estado, que vive uma crise na segurança pública. O plano já foi definido pelo Governo federal para atuar até o fim do ano que vem no Rio.

Em entrevista exclusiva ao Jornal da Manhã, o ministro explicou que está se constituindo um Estado-maior e que, toda vez que uma operação envolve mais de uma força, ela passa a ser conjunta. “Hoje vamos nos reunir com esse Estado-maior para ver as intervenções a serem feitas no Rio de Janeiro até o fim de 2018. A reunião deve contar com um número bem mais abrangente de oficiais das mais diversas áreas para ajudar o RJ a reduzir a sensação de insegurança”, disse.

À Jovem Pan, o ministro ressaltou a situação caótica no Estado. “O Rio de Janeiro enfrenta uma situação limite, e essa situação não é controlada pelo próprio Estado. As diversas facções criminosas no RJ devem controlar entre 700 mil e 800 mil pessoas. Então, isso quer dizer que a capacidade de difundir medo e insegurança em assaltos, sequestros, embora isso exista em outros Estados, no Rio alcançou uma situação mais grave”, explicou.

Segundo ele, isso faz com que recorrentemente exista a situação de agravamento da crise e a solicitação da presença das Forças Armadas, que, em sua visão, não é o papel para o qual elas são treinadas. “Esse não é o papel das Forças Armadas. No Brasil, há a GLO, que é quando se chega nessa situação limite, o governador pode pedir o emprego das Forças Armadas ao presidente da República. Mas esse não é o papel para o qual as Forças Armadas são treinadas para executar”, disse.

Nos últimos dias, Raul Jungmann já havia alertado que as Forças Armadas fariam “ações de surpresa” no Estado. “Vamos atuar com efeito surpresa, então todas as informações são sigilosas. O conceito dessa operação não é a clássica GLO [Garantia da Lei e da Ordem]”, disse o ministro no final de semana. Jungmann alertou ainda que a presença das Forças Armadas inibe o crime em um primeiro momento, mas que com a sua retirada, ele volta. “Como as Forças Armadas não podem ficar todo tempo no local, e o crime sabe disso, o crime tira férias. Mas quando as Forças se retiram, o crime volta a atacar de maneira redobrada”, reiterou.

Sobre a relação entre o crime organizado e a política, Raul Jungmann explicou que o eventual apoio de facções criminosas em campanhas de políticos torna possível uma distribuição de cargos após a eleição, o que pode colocar dentro do parlamento alguém pertencente ao crime organizado. “A capacidade do crime organizado no RJ, de capturar o Estado, é maior que em qualquer outro Estado hoje”, disse. “O que vale ali é a vontade do comando criminoso que domina o território. Isso é um dos problemas mais graves, que é o Estado capturado”, completou.

Confira a entrevista completa com o ministro Raul Jungmann:

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.