Nova onda de imigração brasileira em Portugal; saiba mais no 1º episódio da série

  • Por Jovem Pan
  • 20/03/2017 18h44
Ulisses Neto Portugal

Quantas vezes nos últimos tempos você chegou a conclusão de que não aguenta mais, que adoraria poder se mudar do Brasil? Crise econômica, desfaçatez imensurável da política… e ainda existe um problema maior, claro, ligado aos outros dois, que é a insegurança em praticamente todos os cantos do país. 

Porto tem a segunda maior região metropolitana de Portugal e é um dos destinos preferidos dos brasileiros que se mudam pra o País. Em um lugar agradável e com bela vista, uma das grandes vantagens é não ter medo nenhum de ser assaltado. Dá pra listar vários motivos que explicam o porquê dos brasileiros terem se tornado os principais investidores de fora da união europeia no mercado imobiliário português, ultrapassando inclusive a china.

É verdade. Não demora muito pra se sentir em casa no Porto. Entrando na livraria, a Leya na latina na Rua de Santa Catarina, baixa do Porto, não tem o mesmo encanto da famosa livraria Lello, mas também não tem tanta confusão de turista. Só a porta pesadissima de madeira de lei já satisfaz meus anseios por Art Nouveau.

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E essa história de se sentir em casa, que a arquiteta Teresa Macedo falou, começa nas onipresentes calçadas de pedra portuguesa, passa pela língua, é óbvio, pela comida e chega até às prateleiras das livrarias. Aqui eu vejo na seção de “autores portugueses”, provavelmente uma licença poética, uma coleção enorme de obras do Machado de Assis. E tem muitos outros conterrâneos brasileiros: Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, Chico Buarque, Zibia Gasparetto e Daniel Galera só nessa batida de olho.

Talvez esse clima tão acolhedor, e em certa medida próximo do que estamos acostumados, mas com as vantagens óbvias de estar na europa, justifiquem o fato de que aqueles que podem bancar uma vida no exterior estarem trocando em ritmo significativo Miami, a eterna vedete no imaginário da classe média brasileira, por Portugal.

“Tem alguns clientes, olha que curioso, que foram pra Flórida, não conseguiram, por algum motivo, ficar lá, se adaptar, e resolveram ir pra Portugal”, contou Fernando Bergallo, diretor da FB Capital, uma assessoria de câmbio brasileira especializada em imóveis.

Hoje o Brasil já representa mais ou menos 10% do investimento estrangeiro no segmento imobiliário português, que aliás anda muito aquecido. Segundo a Associação de Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal, a Apemip, houve crescimento no setor de quase 25% só no ano passado. Em 2017, as vendas devem crescer mais 30%.

A capital Lisboa lidera a lista de valorização, que segundo alguns especialistas provavelmente já está no teto. Ou seja, quem pretende ganhar dinheiro com especulação talvez não deve escolher a capital portuguesa. O porto, no entanto, ainda tem alguma margem para crescer.

“O luxo no Porto custa € 5.500. Em Lisboa, custa 11 mil”, afirma o vice-presidente da Apemip, João Nuno Magalhães recebeu a reportagem em seu escritório, numa rua tranquila de paralelepípedos e muito arborizada na região do Aldoar, não muito distante das novas construções sofisticadas do Porto. Claro que € 5.500, convertendo dá mais ou menos R$ 18 mil, não é exatamente uma pechincha. Mas lembre-se que ele está falando do topo do mercado imobiliário. Também existem imóveis bons que custam menos da metade disso.

Agora, com uma valorização forte como essas que Portugal vem passando, a dúvida para o investidor, mesmo aquele que vai comprar pra sair do Brasil e morar mesmo, é se no final das contas já não passou a melhor hora pra desembarcar em Portugal.

“Não existe bolha imobiliária em Portugal e nem vai existir nos próximos anos”, disse Magalhães.

“Com o dólar cedendo pro real como está, a gente tem um euro abaixo de 3.30, que deixa muito mais viável qualquer programação do que com uma moeda acima de quatro, como ficou por um bom tempo. Então, eu acho que a paridade do euro em relação ao dólar perto de 5%, 6%, deixa qualquer tipo de investimento em moeda europeia, como em Portugal, muito mais viável”, disse o diretor da FB Capital.

Na próxima reportage, Antônio Magalhães, sócio de uma imobiliária no Porto, nos leva pra conhecer a região de alguns empreendimentos novos na cidade.

*A reportagem é de Ulisses Neto

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