Pacientes apostam em testes clínicos para ter acesso a “pílula do câncer”

  • Por Jovem Pan
  • 29/07/2016 07h02
Fosfoetanolamina Reprodução/Youtube Pílulas

A fosfoetanolamina, que começou a ser testada em humanos nesta semana, gerou grande expectativa entre os mais de 50 mil pacientes do Instituto do Câncer.

No entanto, apenas 10 pessoas foram convidadas para fazer parte desta primeira fase, que vai durar dois meses.

Os pacientes que levaram as “pílulas do câncer” para casa já esgotaram todas as possibilidades do tratamento padrão. Passaram por quimioterapia, radioterapia. Alguns enfrentaram até cirurgia.

Agora, ter acesso a um tratamento alternativo traz riscos por ainda ser experimental. Mas, para muita gente, é talvez a única chance de ver a doença combatida. Quem sabe curada.

A modelo Naty Estevam disse ter mais medo de quimioterapia do que possíveis efeitos colaterais da fosfoetanolamina. Portadora de uma neoplasia maligna, a paciente afirmou que ser cobaia é uma forma gratuita e simples de ter acesso à pílula do câncer, hoje obtida apenas por meio de liminar.

“O custo dos advogados é muito alto. tem advogado cobrando R$ 4 mil e se aproveitando da situação. A maioria dos pacientes recebe um auxílio-doença ou está afastada, recebe um salário minimo, fora a despesa de medicação”, disse.

A Natalia, que possui um tumor em uma parte do cérebro onde o risco de uma operação é muito alto, tem esperança de ser chamada para se tornar voluntária na próxima fase da pesquisa, em outubro, onde mais de 200 pacientes serão convocados.

“No meu caso, seria extremamente interessante poder usar, para comprovar que a fosfo tem efeito direto no tumor. Ou seja, ela utiliza o sistema imunológico da pessoa para atacar o tumor e diminuir ou até mesmo eliminar”, justificou.

O nome dos convocados em pesquisas científicas no Brasil é preservado, a não ser que o voluntário decida se identificar.

Bernadete Cioff, que luta contra um câncer de mama, admitiu ter participado de um teste de uma droga internacional há alguns anos. Infelizmente, a doença não regrediu. “Primeiro critério de decisão foi: medicina convencional tem algo a oferecer neste momento que eu não tenha tentado? Não. Então esse foi um critério para eu experimentar um tratamento experimental”.

Em outros países, participar de pesquisas científicas para o desenvolvimento de um medicamento é um meio de ganhar dinheiro. Existe tanta gente em busca desse tipo de remuneração que já existem sites dedicados só a ofertas de experimentos.

No Brasil, onde o pagamento é proibido por lei, a cobaia visa – na maioria das vezes – a própria saúde.

*Informações da repórter Carolina Ercolin

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